A Segurança Pública é um pilar essencial para a estabilidade e o bem-estar de qualquer sociedade. No entanto, por trás das fardas militares e das promessas de proteção, há uma teia complexa de desafios e inseguranças que afetam não apenas a eficácia do trabalho policial e bombeiro militar, mas também a própria estrutura da segurança pública. Neste texto, procuro trabalhar três temas interligados que ecoam na essência dos militares estaduais, onde só eles até então sabem, mas precisamos que todos compreendam e assim possamos pedir ajuda a sociedade. São eles: 1º) A insegurança na segurança pública estadual; 2º) As incertezas dos policiais e bombeiros em relação às progressões e 3º) os desenvolvimentos das carreiras juntamente com o sentimento de menosprezo por parte das autoridades estaduais.
A percepção de insegurança na segurança pública não é apenas uma questão de estatísticas e números, mas também de sentimentos e experiências individuais dos policiais. Enquanto a população clama por proteção, os policiais muitas vezes se veem em situações de risco, enfrentando desafios diários a exposição a ameaças físicas. Essa insegurança se manifesta durante toda jornada de serviço policial e bombeiro, se passando também em seus períodos de descansos.
Dentro das instituições Polícia Militar e Bombeiro Militar, a incerteza em relação às promoções que atualmente são progressões de carreiras travadas fazem parte atualmente de uma dura realidade. Os militares dedicam anos de serviço, sem contar os riscos de suas vidas em prol da segurança pública, acabam se deparando e ficando presos em um limbo muito burocrático, onde as oportunidades de avanço estão escassas e, muitas vezes, opacas. A falta de vagas para as promoções criam ambientes de desconfiança e desmotivação e já afirmo que as formaturas militares com entregas de medalhas e elogios em suas pastas não tem mais surtido efeito já que, o que os militares realmente esperam são reconhecimentos dignos com face em suas progressões de carreiras no tempo certo, onde posso aqui fazer um único recorte para vocês verem o quanto é grave: “O Soldado do 28 Curso de Formação de Soldado que entrou em 2011 sendo hoje Cabo e para ser promovido entra no Quadro de acesso agora em setembro de 2024 tendo apenas 2 datas de promoção por ano, os últimos desta turma terão suas progressões apenas em 2032.” Enquanto em outras carreiras da segurança pública não querendo comparar, mas já comparando com outras carreiras onde elas só precisam terem o tempo correto e já progridem na carreira, isso sim é humilhante ao militar estadual de Mato Grosso que correm atrás de migalhas de progressões.
Ao longo da última década, a Polícia e Bombeiro Militar têm enfrentado um desafio crescente: a estagnação salarial, onde a falta de aumento salarial pode levar à fuga de talentos, com policiais experientes buscando oportunidades melhores em outras áreas ou até mesmo em outras jurisdições, assim como nas outras carreiras da segurança pública. Isso não apenas enfraquece a força policial e bombeiro militar em termos de experiência e expertise, mas também cria um ciclo de desmotivação entre os que permanecem, alimentando um sentimento de desesperança em relação ao futuro e à valorização de seu trabalho
Reconhecer e abordar esse problema é essencial para garantir que as forças de Segurança Pública possam cumprir sua missão com maior efetividade. Investir no bem-estar financeiro dos policiais não é apenas uma questão de justiça social, mas é fundamental para fortalecer a segurança pública como um todo. Somente então poderemos construir uma sociedade mais segura e resiliente para todos.
Não adianta propor e implantar inovações constantes na Segurança Pública por “especialistas teóricos” se os agentes não são sequer ouvidos de suas necessidades reais.
Sargento PM Laudicério Machado é presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiro de Mato Grosso e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Nacional de Praças