– Estávamos sendo escoltados num carro na frente com cinco militares, e eles passaram a milímetros da mina. Nós não demos essa sorte. Era uma mina antitanque. Saímos do carro atônitos, com medo de explodir pois havia 40 litros de diesel num galão. Além, é claro, do medo de pisar em outra mina – explica Samir, via Skype.
Além de Samir e Tito, estavam no veículo um assistente e o motorista. O condutor machucou o pé e bateu a cabeça, mas segundo Samir, passa bem. Segundo o cineasta, os soldados do exército que faziam escolta para a equipe foram unânimes em dizer que nunca viram alguém escapar com vida de uma mina antitanque.
Para gravar “El desierto del desierto” a equipe começou a percorrer no início do mês 1.500 km de deserto ao longo do Muro da Vergonha local, erguido pelo Marrocos para dividir o Saara Ocidental, local de um conflito que dura 40 anos. Depois do acidente, Samir ainda continua a viagem, que tem data para chegar ao fim: 4 de fevereiro.
– Desde o o cessar fogo com o Marrocos, em 1991, fomos os primeiros estrangeiros a empreender uma viagem tão longa como essa na região. Nosso objetivo era chegar até o Oceano Atlântico, onde os Saharawi têm uma faixa de não mais de 30 km, espremida entre a Mauritânia e o Muro Marroquino. Chegamos perto, muito perto, mas não conseguimos ver o mar. O acidente abriu outra perspectiva, coisas de documentário. Um fato muda o rumo narrativo de tudo.
O Globo