Uma parceria de pesquisa, recém-assinada entre o Instituto Mato-Grossense do Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigação (IMAFIR-MT) e a KASBA S.A, empresa paraguaia especialista em gergelim, vai possibilitar a implantação de um projeto especial de gergelim em Mato Grosso. O cultivar de gergelim K2, que é mais doce, é a preferência do mercado asiático e tem valor comercial elevado.
Mato Grosso já é um dos maiores produtores deste tipo de grão no Brasil. São esperadas para a próxima colheita cerca de 186,7 mil toneladas para a safra de 2024. Em área plantada, o estado atingiu 381,9 mil hectares do cultivo, registrando uma variação de 105,9%, comparado ao ano anterior, sendo o município de Canarana (648 km de Cuiabá) o líder em produção.
Murilo Sampaio, Engenheiro Agrônomo da APROFIR, explica que o instituto de pesquisas trabalha para desenvolver todos os segmentos da cadeia produtiva, “Para o pequeno agricultor, grãos e cultivos especiais possibilitam renda extra, como uma excelente opção de segunda safra”, diz.
O ciclo entre plantio e colheita do Sesamum Indicum, nome científico do gergelim, é de até 120 dias. A boa tolerância ao estresse hídrico faz do gergelim uma opção rentável no período da “safrinha”. A produtividade da cultura também atrai produtores que, com manejo adequado, colhem até 1.300 kg por hectare.
No Paraguai, cerca de 30 mil produtores da agricultura familiar são responsáveis por exportar 24 mil toneladas por safra de gergelim doce (k2) e gergelim preto, que são preferências do mercado asiático. Francesco Boggino, CEO da Kasba, explica que essa variação do gergelim só pode ser colhida de forma manual, o que confere valor agregado ao produto.
Um pequeno agricultor, segundo Boggino, pode lucrar até U$ 300 dólares a mais por tonelada do K2 e gergelim preto. “No Paraguai, em 2019, chegamos a ter 90% da produção do K2. Hoje em dia, cerca de 40% apenas da produção é manual. Perdemos espaço para a variedade industrial (k3)”, diz.
No Brasil, ocorre o inverso dos dados apresentados em 2019 no vizinho paraguaio. Francesco explica que por aqui, 99.8% de toda a produção é de escala mecanizada de plantio e colheita. A parceria com o IMAFIR e APROFIR veio para mudar essa realidade, explica. “Viemos fomentar a cultura familiar do gergelim no Brasil”, diz.
O empresário, que também é engenheiro agrônomo por formação, pontua que por aqui não há programas de incentivo de rendas alternativas para o pequeno produtor. “Nós, como empresa, sabemos que o gergelim é uma boa alternativa. Principalmente O k2, sendo desenvolvido para agricultura familiar”.
Neste sentido, o engenheiro agrônomo da APROFIR, Murilo Sampaio, explica que o acordo abriu portas para desenvolver o trabalho no estado. “Estamos desenvolvendo um projeto piloto, visando atender inicialmente um grupo de agricultores familiares, que estão sendo mapeados em parceria com a EMPAER. A expectativa é de que até o próximo ano, nosso estado forneça o k2 para o mercado internacional”, pontua Sampaio
Com a parceria, os produtores serão orientados sobre todas as etapas de produção e desenvolvimento da cultura, sendo acompanhados de perto pelo Instituto de Pesquisa e EMPAER. A meta, segundo Boggino e Sampaio, é de que ao menos 200 hectares recebam o plantio.
Pesquisa e maquinário
No Paraguai, a KASBA fornece além das sementes, toda tecnologia do plantio à colheita, até a entrega do produto diretamente nas mãos do comprador final, similar ao que o IMAFIR pretende oferecer aos agricultores. Para isso, o instituto de pesquisas tem desenhado o projeto e em breve espera ser implantado no estado.
Murilo e Francesco são unânimes em afirmar que para agricultura familiar existe tecnologia à disposição com máquinas eficientes, de baixo custo, para facilitar o trabalho. “É errôneo relacionar a agricultura familiar, somente com trabalho braçal e nós queremos incentivar a tecnologia, para manter a família no campo.”, diz.
Paralelo a isso, o Instituto tem desenvolvido trabalhos de pesquisa em alguns municípios do estado com a cultura do gergelim. Murilo Sampaio, engenheiro que está à frente do projeto, explica que a ideia é fornecer cada vez mais tecnologias para o desenvolvimento da cadeia.