O dia 19 de abril deveria ser chamado de Dia da Diversidade dos Povos Indígenas, porque “Dia do Índio” é extremamente preconceituoso e não retrata toda a diversidade desse povo. ou Dia dos Povos Indígenas, que não traduz a essência desses povos. Índio, como sabemos, é uma forma de tratamento que induz as pessoas a pensar num ser preguiçoso, indolente, que não produz absolutamente nada. A realidade é oposta a isso, pois sua cultura é riquíssima e sua história de luta para conquistar o reconhecimento é sofrida e por quantas vezes teve seu próprio sangue derramado para frear a ganância de pessoas que insistentemente invadem suas terras, seja pelo garimpo ou pela agropecuária.
As comemorações desse dia são na sua maioria sem sentido algum. Nas escolas pintam o rosto da criança e colocam um cocar de cartolina evidenciando toda a ignorância e a falta de respeito por todas as etnias. Não fazem por mal, fazem por desconhecimento e por uma herança secular que os leva a render homenagem a uma ficção, a um ser que não existe. Ao invés disso poderiam convidar um indígena para fazer uma palestra e ensinar aos alunos a importância do nosso povo originário, seu artesanato, sua música, seus costumes, sua diversidade, riqueza, humanidade dos povos indígenas. Ou levar os alunos até uma aldeia, se for possível. A escola é o berço da nossa educação juntamente com a nossa casa. É preciso mudar o modo de ensino quando se tratar dos povos originários. “Para ser originário precisa ter um pertencimento a um povo ancestral. O antônimo de indígena é alienígena, aquele que vem de fora. Então, devemos usar indígena, nunca usar índio, para reforçar o fato de que são originários. É muito mais fácil usar uma palavra genérica do que efetivamente dar aos povos indígenas o peso da sua identidade. Identificar os diferentes povos indígenas significa garantir a eles direitos e políticas específicas, não políticas genéricas”. Daniel Munduruku – autor de mais de 50 livros para crianças, jovens e educadores.
Foto:IPAM Amazônia