Opinião

Frederich Paul Tolksdorf -diários: Um alemão entre os indígenas

No ano de 2022, recebi um convite do professor João Carlos Barrozo, pesquisador associado, docente no Programa de Pós-graduação em História e Coordenador do Núcleo de Estudos de História Regional e Urbana da Universidade Federal de Mato Grosso, para organizar os diários de Frederich Paul Tolksdorf, mais conhecido por Fritz Tolksdorf. Conhecedora do material inédito, aceitei prontamente ao chamado. Em 1999, cursando o mestrado em História, tive o privilégio de ser aluna do professor Barrozo, mesmo ano em que li os escritos datilografadas de Tolksdorf, preciosa documentação sobre a colonização no noroeste de Mato Grosso que atingiu de modo violento as terras de ocupação tradicional dos Rikbaktsa, Iranxe e Tapayuna e os seus modos de viver.

Os diários de Fritz Tolksdorf, nascido em Westfalia, Alemanha, em 1912, foram escritos em alemão e traduzidos pelo Pe. Peter von Werden e organizados, revisados e digitados pelo Pe. José de Moura e Silva e por eles recebeu o título de ‘Entre seringueiros, índios, agrimensores, colonos e garimpeiros de Mato Grosso’. O diário, iniciado em 06.07.1954, relata o momento em que a Colonizadora Noroeste Matogrossense S. A. (Conomali) se instalou na região, hoje Porto dos Gaúchos.

Nossa organização consiste em construir pequenos textos que ampliem as informações fornecidas por Fritz Tolksdorf, quando absolutamente necessários. Esses textos, inseridos em ‘caixas de textos’, acham-se próximos à palavra ou termo de diversificados assuntos: lugares, pessoas, povos indígenas, instituições, dentre outras. Até o momento, o diário conta com mais de 50 ‘caixas de textos’. Também nos ocupamos de apresentar duas biografias: a do próprio diarista e a do Pe. João Evangelista Dornstauder, missionário pertencente à Missão de Diamantino que chegou à região na década de 1940.

O jesuíta Aloir Pacini, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estudioso do diário de Fritz Tolksdorf, se responsabilizará pela escrita do prefácio. O indígena Loike Kalapalo, filho adotivo de Tolksdorf e Herta Klein, sua esposa, escreveu um depoimento dos anos em que viveu na companhia do casal. José Eduardo Costa, indigenista e amigo de Fritz, se encarregará do texto da segunda capa. A artista plástica Adriana Milano, idealizará a arte da capa. Eu e o professor Barrozo selecionamos uma matéria comovente, de 1969, de autoria de Tarcísio Baltazar e Rubens Barbosa, do Jornal do Brasil, sobre a pessoa de Tolksdorf, intitulada ‘A pacificação dos Beiços-de-Paul (III)’. A Editora Carlinhi & Caniato, em breve, se encarregará da versão em e-book.

Foto: Divulgação

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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