Ele acredita estar pronto para mostrar o futebol que o consagrou na Europa, onde atuou por 11 anos, e na seleção brasileira, pela qual disputou três Copas ""a última, em 2010, como capitão.
"Meu primeiro ano na volta não foi fácil. Estranhei os critérios de arbitragem e passei por situações que não desejo a nenhum outro atleta", afirma o zagueiro, em entrevista exclusiva à Folha.
Lúcio refere-se ao afastamento do São Paulo por indisciplina, no fim de julho.
"Agora, estou mais leve. O ambiente aqui no Palmeiras me parece melhor, sem vaidades, e isso vai me ajudar", garante, com semblante sereno, bem diferente do que apresenta durante os jogos.
"No campo, acabo me transformando, a vontade de ganhar fala mais alto. Por isso vou tanto ao ataque", diz.
O ímpeto de tentar fazer gols pesou contra ele. Em 24 de julho, pelo Brasileiro, o zagueiro perdeu uma bola no ataque, que resultou em gol do Internacional. Foi o último jogo dele pelo São Paulo.
Henrique, seu provável parceiro na defesa do Palmeiras, também gosta de atacar. Problemas à vista? Não se depender de Lúcio, que revela outra mudança de perfil:
"Se tiver a oportunidade, claro que quero fazer gols ou auxiliar os companheiros, mas a prioridade é defender", afirma, querendo encerrar de vez as polêmicas de 2013.
Mas a falha contra o Inter, no Morumbi, foi apenas o estopim. Em seis meses de São Paulo –31 jogos–, o defensor recebeu oito cartões amarelos e três vermelhos.
Em março, foi expulso contra o Palmeiras após se desentender com Valdivia, pelo Paulista. Dias depois, ao ser substituído na derrota para o Arsenal (ARG), pela Libertadores, foi direto para o ônibus da delegação, sozinho, sem esperar os companheiros no vestiário. No dia seguinte, disse que não estava perdendo quando saiu de campo.
Em maio, foi expulso contra o Atlético-MG no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. O time tricolor ganhava por 1 a 0; sem ele, perdeu de virada por 2 a 1.
PRAZO
Para Lúcio, a readaptação ao futebol brasileiro, depois de muito tempo na Europa, demora pelo menos um ano.
Em meses corridos, Lúcio cumpriu o prazo, já que se apresentou ao São Paulo em janeiro de 2013. Mas, no campo, o zagueiro jogou apenas metade de seu prazo ideal.
Mesmo assim, ele acredita que as peculiaridades do futebol brasileiro já não vão lhe causar problemas.
"Não joguei o ano inteiro, mas assisti a muitos jogos, mesmo pela TV, e me acostumei com algumas questões", explica Lúcio.
Folha de S. Paulo