A indústria é o setor da economia de Mato Grosso que mais contrata estrangeiros. A presença de profissionais de outras nacionalidades no estado contribui para o desenvolvimento e crescimento do setor, possibilitando a implementação de novas tecnologias e a troca de conhecimentos. Dados do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) mostram que, do total de estrangeiros contratados formalmente até outubro deste ano, 46% estão em estabelecimentos industriais. A maioria veio da Venezuela para trabalhar em indústrias do segmento alimentício.
Nesse cenário, o Sistema Fiemt, por meio das entidades que o compõem, como o Serviço Social da Industria de (Sesi MT), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai MT) e Instituto Euvaldo lodi (IEL MT), desenvolvem ações que contribuem para a geração de empregos no estado. “Por meio de programas de capacitação e qualificação, essas instituições garantem a formação de profissionais competentes e preparados para atender às demandas da indústria, fortalecendo assim a economia do estado e contribuindo também para o desenvolvimento social”, explica o presidente do Sistema Fiemt, Silvio Rangel.
As informações, extraídas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que, no acumulado do ano (janeiro a outubro) de 2023, Mato Grosso teve o registro líquido (saldo entre admissões e demissões) de 2.211 contratações formais de estrangeiros.
Desses, 1.008 contratações foram realizadas pela indústria, o equivalente a 46%, quase metade do total do estado no período. Destaque ainda para o setor de serviços com participação de 26%, o comércio com 16%, a construção com 8% e a agropecuária com 5%. Somente em outubro foram contratados 225 estrangeiros para atuar na indústria; seguido pelo comércio (62), serviços (53) e agropecuária (12).
Dentro da indústria, as atividades econômicas que concentram o maior número de contratações de estrangeiros são a de fabricação de produtos alimentícios, especialmente a de abate e fabricação de produtos de carne, que concentra mais de 80% do total registrado na indústria, com mais de 800 contratações líquidas acumuladas no período
Há 10 anos em Mato Grosso, o haitiano Jean Robaine, de 38 anos acreditou e apostou nas oportunidades de emprego oferecidas no estado. Sem nada no bolso, estabeleceu moradia em Cuiabá em setembro de 2013, acompanhado da esposa. As conquistas e o tão sonhado emprego vieram rapidamente. Além de bens materiais, como casas, carro e moto, ele ganhou preciosidades: três filhos cuiabanos.
“Me sinto feliz e realizado. Cheguei no Brasil sem nada, agora e consigo viver melhor. Agora consigo pensar no meu futuro. Antes, no Haiti, era mais difícil. Lá, para você trabalhar e estudar, é preciso ter um padrinho. Aqui, se você é bom para trabalhar logo te chamam para um emprego”, conta o trabalhador que atualmente opera maquinários na indústria Plastibras.
Além de Jean, outros oito haitianos trabalham na mesma empresa. “Penso que a contratação de mão-de-obra estrangeira é uma oportunidade para trazer talentos diversificados, habilidades específicas e perspectivas globais para a empresa. Eles trazem uma visão diferente de comportamentos, dedicação, etc aos demais colaboradores”, acrescenta o empresário Adilson Valera.
De onde vem?
Considerada a terra das oportunidades, Mato Grosso tem atraído estrangeiros de várias nacionalidades. Do total de 2.211 estrangeiros contratados entre janeiro a outubro deste ano, a maioria veio da Venezuela, 88% do total. Levando em consideração somente o setor industrial, a predominância de venezuelanos é de 98%, de um total de 1.008 das contratações liquidas.
É o caso de Yanellis Del Valle Vicent, que há dois anos saiu da Venezuela rumo a Mato Grosso. Contratada recentemente para ser costureira, conta que abandonou seu país de origem em função da crise econômica e política que afeta a região. Apesar de todas as dificuldades, ela acredita num crescimento profissional.
Qualificação profissional
A maior parte dos estrangeiros que trabalham em Mato Grosso possuem ensino médio completo com idades entre 18 a 24 anos. Cerca de 52% do total se enquadra nesse perfil educacional. Levando em conta somente a indústria, a participação de 35% é para estrangeiros com ensino fundamental completo.
“Os estrangeiros estão ocupando um lugar na força de trabalho que é a operacional. Apesar da pouca instrução, enxergam oportunidades de crescimento”, diz a empresária Fernanda Maluf, da empresa Stamp que atua no ramo téxtil. Conforme ela, o avanço da tecnologia e a modernização das empresas, que focam numa indústria 4.0, tem demando todo tipo de profissional, independente do grau de instrução.
“Mesmo na área operacional, aqueles que não possuem informação, estão sendo capacitados para operar as máquinas tecnológicas. Nós, por exemplo, estamos modernizando o nosso parque industrial. Adquirimos uma mesa de corte supermoderna. Os antigos cortadores agora são os operadores dessas máquinas”, conta acrescentando a disponibilidade de mais vagas de emprego para o setor. “Estamos sempre pensando em novas formas de encarar o trabalho para poder ser atrativo. Ficamos pensando o tempo todo como é que a gente pode atrair gente para esse mercado”, avisa a empresária.
Fonte: Assessoria