O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu nesta segunda-feira, 4, que seu país vai recuperar Essequibo, região que pertence à Guiana, mas que os venezuelanos consideram como sua. O local representa 70,4% do território guianense. Maduro afirmou que seu país busca “construir consensos e que vai conseguir recuperar” esse espaço que é rico em petróleo. Diante desse mais novo passo em direção à tomada da de Essequibo, que possui 160 quilômetros quadrados e tem 125 mil habitantes, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que denunciou o referendo realizado pela Venezuela no domingo, 3, como uma “ameaça”, disse que se país está “trabalhando incansavelmente para garantir que nossas fronteiras permaneçam intactas e que a população e nosso país continuem seguros”, declarou em uma transmissão no Facebook. O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “a cooperação de defesa”, disse e enfatiza que nas conversas que vem tendo com outros líderes, Maduro tem afirmado que não tem a intenção de invadir a Guiana. O ministro das Relações Exteriores guianense, Hugh Todd, disse que o país está “vigilante” após a decisão do último domingo. “Temos que permanecer sempre vigilantes […]. Embora não acreditemos que ele vá ordenar uma invasão, temos que ser realistas sobre o ambiente na Venezuela e o fato de que o presidente Nicolás Maduro pode fazer algo muito imprevisível”, afirmou Todd sobre a consulta. Mais de 95% dos votantes apoiaram a criação de uma província venezuelana no Essequibo, atualmente administrada pela Guiana, e dar nacionalidade a seus 125 mil habitantes.
“Já deixamos claro que acataremos a sentença do tribunal”, afirmou Todd, se referindo a decisão do Tribunal de Hai, que decidiu no dia 1º de dezembro que a Venezuela não podia anexar Essequibo, e pediu que Caracas evite qualquer iniciativa que comprometa o status quo com o país fronteiriço. “A Venezuela deve se abster de qualquer ação que modifique a situação atualmente em vigor no território em disputa”, disse a Corte. A CIJ pronuncia-se sobre litígios entre Estados. Suas decisões são vinculantes, mas não tem poder para que elas sejam cumpridas. Milhares de guianenses formaram correntes humanas no domingo, chamadas “círculos de união”, para mostrar seu apego à região. Muitos vestiam camisetas com frases como “O Essequibo pertence à Guiana” e agitavam bandeiras do país. A reivindicação da Venezuela pelo território se intensificou desde que a ExxonMobil descobriu, em 2015, petróleo em águas disputadas, o que deixa a Guiana com reservas de petróleo comparáveis às do Kuwait e com as maiores reservas per capita do mundo. A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural com a Guiana, como em 1777, quando era colônia da Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, firmado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelece as bases para uma solução negociada e anulou um laudo de 1899 que definiu os limites atuais. Segundo o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 95,93% dos eleitores venezuelanos apoiaram a criação de uma província chamada “Guiana Essequiba” e dar a nacionalidade do país a seus habitantes.
*Com agências internacionais