Apenas em julho do ano passado, quando foi realizada a Jornada Mundial da Juventude na capital fluminense, foram registrados 1.188 furtos. O dado é superior à soma dos furtos que ocorreram nos meses de junho, agosto e setembro de 2013.
Os bairros vizinhos, Ipanema e Leblon, também tiveram aumento nos indicadores de criminalidade. Em relação ao acumulado do quadrimestre de 2012, a 13ª DP (Ipanema) teve, de junho a setembro de 2013, 18% a mais de boletins de ocorrência, com elevações percentuais do número de roubos (73,3%), furtos (32,8%) e roubo a transeunte (40%). No Leblon (14ª DP), o roubo a celular quase dobrou.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que, a partir deste mês, serão inauguradas dez companhias destacadas da Polícia Militar a fim de reforçar o patrulhamento urbano. A PM está à espera da formatura de 600 recrutas. Além disso, informou a Seseg, "a Polícia Civil formou este mês 1.114 inspetores e 135 delegados, que serão deslocados para as Delegacias de Homicídios da Baixada e Niterói e no recompletamento das delegacias distritais. Com essa medidas, a secretaria espera obter redução nos índices".
Em Copacabana, o roubo a celular praticamente quadruplicou. De junho a setembro de 2013, a Polícia Civil registrou 33 ocorrências no bairro, o que representa crescimento de mais de 266% em relação ao quadrimestre do ano anterior –quando haviam sido registradas 9 ocorrências.
Em 2012, Copacabana tinha uma média mensal de 2,25 roubos a celular entre junho e setembro. Em 2013, no mesmo período, a média mensal subiu para 8,25.
"Venho ao Rio desde 1976 e nunca vi Copacabana tão perigosa. Antigamente, a gente podia andar livremente pelo calçadão. Hoje a situação é outra", disse o paulista Ademar Antônio de Souza, 59. O turista afirmou ter visitado a capital fluminense pelo menos dez vezes nos últimos 30 anos. "A cada ano que passa eu me sinto mais inseguro", completou.
Moradores, turistas e policiais militares relatam que os furtos ocorrem com frequência na beira da praia, no calçadão e em pontos como a praça do Lido, próxima ao hotel Copacabana Palace, na avenida Nossa Senhora de Copacabana, na altura da junção com o Arpoador, e nas ruas Barata Ribeiro e Toneleros.
Uma das situações que se tornaram comuns no bairro é a da abordagem em grupo por parte de menores de idade. Eles se deslocam em bandos e visam principalmente correntes, relógios e aparelhos eletrônicos.
"Quando chega o fim do ano, é sempre mais constante. Todo mundo fala dos grandes arrastões na praia, mas é comum ver por aqui os pequenos arrastões de rua. São 'pivetes' que circulam por aí sempre em grupo. Parecem que são treinados na escolinha do Usain Bolt", disse o morador Paulo Assant, 39, em referência ao atleta jamaicano apontado como um dos maiores velocistas de todos os tempos.
"Eles puxam a corrente, pegam relógio, máquina fotográfica e saem correndo. Outro dia eu vi um policial correndo atrás de um pivete, mas enquanto o PM estava aqui em Copacabana, o 'moleque' já estava lá no Arpoador. Eles correm muito', completou Assant.
Para o cientista político e diretor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio), Geraldo Tadeu Monteiro, há uma carência no policiamento ostensivo, o que está diretamente associado com o deslocamento de efetivo para as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e a repressão ao tráfico de drogas.
"A UPP é um projeto importante. Ninguém discute isso. Mas não adianta direcionar a atenção exclusivamente para a favela. Com isso, diminui-se o policiamento ostensivo, e isso ocorre exatamente no momento em que o fluxo de turistas é cada vez maior. Cria-se um ambiente extremamente desfavorável a essa pequena criminalidade", afirmou.
"O problema está nos acessos e nas ruas de dentro. Na zona sul, por exemplo, você tem a polícia no calçadão. Na praia. Mas você pode ter mil pequenos arrastões que nunca vão ter a mesma atenção da imprensa e do Estado. São bandos de jovens que atacam uma determinada vítima considerada mais frágil. Às vezes não estão nem armados", completou.
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