Internacional

Governo do Egito promete apertar combate ao terrorismo

 
– Estamos enfrentando um inimigo que não tem religião ou nação – disse Ibrahim, que em setembro escapou de uma tentativa de assassinato.
 
A explosão de um carro-bomba em Mansoura, no Delta do Nilo, matou ao menos 14 pessoas e feriu outras 134, elevando o nível da tensão política a três semanas do referendo sobre a nova Constituição. O governo militar acusou a Irmandade Muçulmana de ser responsável pelo crime e chamou o grupo de terrorista. Mas, o movimento, já colocado na ilegalidade após o golpe que destituiu o presidente Mohamed Mursi em julho passado, negou culpa e condenou o atentado.
 
Cada vez mais polarizado entre grupos laicos e religiosos, o Egito tem sido palco de constantes episódios de violência desde junho, quando teve início o processo que culminou com a destituição de Mursi. No entanto, atentados são pouco comuns no Delta do Nilo, a região mais populosa do país. O ataque de ontem expôs o temor de que extremistas islâmicos estejam se mobilizando para agir no Delta como fazem há anos na instável Península do Sinai – onde cerca de 200 integrantes de forças de segurança foram mortos desde a queda de Mursi.
 
O alvo do atentado em Mansoura – cidade de quase 500 mil habitantes a cerca de 100 km do Cairo – foi justamente um prédio policial: nove das vítimas eram da polícia. Segundo a imprensa estatal, havia membros do alto escalão do aparato de segurança no edifício no momento do ataque.
 
O ministro do Interior afirmou que a explosão foi uma tentativa de intimidar os cidadãos antes do referendo constitucional e das eleições gerais programadas para o ano que vem. Ele culpou explicitamente a Irmandade Muçulmana pelo crime. O porta-voz do governo, Sherif Shawki, foi mais longe e disse que o grupo havia sido tachado oficialmente como terrorista, mas o premier egípcio, Hazem el-Beblawi, não confirmou a classificação.
 
– Quem quer que tenha participado deste ato terrorista será punido de acordo com a lei. Mas não quero antecipar nada – limitou-se a dizer o primeiro-ministro.
 
Praticamente desmontada desde que os militares voltaram ao poder, a Irmandade Muçulmana condenou o atentado por meio de um comunicado emitido de seu escritório em Londres. Na nota, o grupo considerou o ato um “ataque direto à unidade do povo egípcio” e chamou Beblawi de “marionete da junta militar”.
 
Boicote a referendo
 
Ninguém assumiu a autoria do atentado em Mansoura. Em vários dos últimos incidentes do gênero no Egito, o grupo jihadista Ansar Beit al-Maqdis reivindicou a responsabilidade pelos ataques.
 
Também ontem, a Aliança Nacional Antigolpe, grupo pró-Mursi do qual a Irmandade Muçulmana faz parte, anunciou que vai boicotar o referendo constitucional marcado para os dias 14 e 15 de janeiro. A Aliança considera o processo fraudulento e reconhece apenas a polêmica Constituição aprovada no referendo de dezembro de 2012, vista por observadores do país como favorável demais à Irmandade Muçulmana e que recebeu oposição tanto de seculares como de islamistas mais ferrenhos.
 
Fonte: O Globo

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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