Uma carta de um oficial do Mossad ao ministro das Relações Exteriores da época, com data de 11 de outubro de 1962, intitulado "The Black Pimpernel" e publicado no domingo, lembra uma conversa em que "examinamos um treinamento na Etiópia para um homem chamado David Mobasari, da Rodésia".
"O supracitado foi treinado por 'etíopes' em judô, sabotagem e armas", diz a carta.
"The Black Pimpernel" era o apelido dado na época a Mandela, o reverenciado herói anti-apartheid e ex-líder do CNA que morreu neste mês, enquanto estava foragido da África do Sul durante a batalha pela liberdade.
De acordo com o jornal Haaretz, o primeiro a relatar a história, o termo "etíope" era provavelmente um codinome para os agentes do Mossad israelense trabalhando no treinamento na Etiópia.
"Ele cumprimentou nossos homens com um 'Shalom', conhecia os problemas da (diáspora judaica) e de Israel e deu a impressão de ser um homem instruído" diz a carta.
"Os etíopes tentaram torná-lo um sionista", acrescentou.
"Agora descobrimos através de fotografias nos jornais sobre a prisão de 'Black Pimpernel' na África do Sul que o homem da Rodésia que era treinado estava utilizando um pseudônimo e que os dois são, na verdade, a mesma pessoa", ressalta.
Segundo o documento, Mandela se interessou pelos métodos de milícias Haganah e judaicas que existiam antes da criação de Israel, em 1948.
A Fundação Nelson Mandela, contudo, afirmou em um comunicado que "não foi localizada nenhuma evidência no arquivo pessoal de Nelson Mandela (que inclui seu diário e bloco de 1962) que tenha interagido com uma operação israelense durante sua viagem a países da África naquele ano".
Mandela "recebeu treinamento militar de combatentes pela liberdade da Argélia no Marrocos e do 'Ethiopian Riot Battalion' em Kolfe, nos arredores de Addis Ababa, antes de retornar à África do Sul em julho de 1962," disse a fundação.
"Em 2009, um pesquisador da Fundação Nelson Mandela viajou para a Etiópia e entrevistou os sobreviventes que participaram do treinamento de Mandela – e não surgiu nenhuma evidência de uma conexão israelense", acrescentou.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi criticado por não ir ao funeral de Mandela devido aos "altos custos". Uma delegação de parlamentares compareceu à cerimônia.
Israel foi um dos aliados mais próximos da África do Sul quando Pretória, que prendeu Mandela, enfrentava sanções lideradas pela ONU no final dos anos 70.
Fonte: R7