Porém, não há dinheiro nem para quitar a folha de pagamento dos servidores. Com este argumento, retira recursos de fundos com finalidades distintas para custear a máquina. “Acontece que o governo se comunica mal com a sociedade, nem se movimenta desembaraçadamente no cenário que exige certa organização e planejamento, pois age demasiadamente no improviso, e, então, está longe de despertar segurança”.
Esta análise é do professor universitário e cientista político Lourembergue Alves. Ele compara o contraste entre o Estado potencialmente rico, mas ladeado de enorme pobreza, e o governo cuja arrecadação cresce ano a ano, porém quase na mesma proporção aumenta a conversa de que o Estado está quebrado. “Falta dinheiro, inclusive, para custeio da máquina. Razão pela qual, dizem, o governador demorou a negociar com os professores em greve”.
Verdade ou não, o certo, segundo Lourembergue Alves, é que a especulação em torno da crise financeira ganha os corredores palacianos, atravessa as ruas e chega ao domínio popular, instigando os bate-papos nos botequins e norteando as discussões político-eleitorais. O professor observa que na mesma proporção que cresce essa onda de boataria cresce também a suspeita de que alguma coisa não anda muito bem. “Suspeita que se agiganta com o aparecimento de mais e mais indícios, a exemplo dos atrasos constantes do repasses da saúde aos municípios e do crescimento de obras inacabadas pelo Estado afora”.
Isso se agrava, de acordo com o professor, quando o Fethab, criado no governo Dante de Oliveira para atender unicamente a habitação e as estradas, se encontra fatiado, responsável também pelo pagamento de parte das chamadas obras da Copa do Mundo e para ajudar a quitar a folha de pagamento.
O cenário, segundo o professor, fica propício para a ação da oposição que, já pensando nas eleições de 2014, fomenta a ideia de que o Estado está falido. “Vem deste processo a especulação de que o Estado de Mato Grosso se encontra empurrado pela onda da crise financeira, ainda que a sua prancha propagandeie um enorme potencial de riqueza, apesar da pobreza por todos os lados”.
A RIQUEZA
Dos dez municípios brasileiros que se destacam na produção agrícola, cinco são de Mato Grosso. Sorriso, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum e Primavera do Leste foram responsáveis por movimentar R$ 7,323 bilhões com a produção de grãos e fibras. No Brasil, o valor da produção foi de R$ 204 bilhões, de acordo com dados do IBGE/2012. O município de Mato Grosso chegou a R$ 2 bilhões, com ênfase na produção de soja e milho.
PIOR IDH
Mato Grosso figura como o 11° no ranking de estados com melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), de acordo com o estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) denominado 'Atlas de 2013'. Essa posição deixa o estado na pior colocação entre as unidades da região Centro-Oeste, ficando atrás de Goiás, Mato Grosso do Sul e Brasília. O município de Campinápolis amarga a triste condição de pior IDH do Estado.