Delegado regional de Rondonópolis, Henrique Meneguelo aponta que em 83% dos homicídios as vítimas eram ex-presidiários que haviam deixado o Presídio da Mata Grande poucos dias antes. Frisa que a maioria trata-se de acerto de contas em decorrência de dívidas com o tráfico ou divisão “injusta” de bens roubados para sustentar o vício. Nos 6 primeiros meses do ano, o município teve 54 homicídios e 35 no mesmo período de 2012.
Para Meneguelo, o cenário é preocupante na medida em que crimes desta natureza são de difícil prevenção e podem atingir inocentes. “Há a possibilidade de uma migração dos casos contra cidadãos de bem, sem qualquer envolvimento com os assassinos, como mortes por engano ou mesmo de pessoas que estejam nas imediações”.
Um exemplo da situação apontada pelo delegado é a tentativa de homicídio de Glaura Maria da Cruz, 54, e assassinato do filho dela, Glauber Fernando Cruz Silva, 30, no bairro Jardim Ana Clara, 2, em Rondonópolis. A mulher estava sentada na porta de casa quando 2 homens armados chegaram em uma motocicleta e começaram atirar.
Glaura foi baleada no pé, mas o alvo dos criminosos era Glauber que estava dentro da residência. Ao perceber a presença dos bandidos, ele tentou correr, mas foi atingido por 3 tiros e morreu no quintal. Glauber tinha várias passagens pela Polícia, incluindo agressão física e roubo.
Meneguelo afirma que foi realizado um mapeamento onde ocorrem os casos e o policiamento foi intensificado nos locais, como forma de tentar coibir novas mortes. Operações para recolhimento de armas foram intensificadas.
Em Cáceres, as drogas também protagonizam, de forma direta ou indireta, a maior parte dos crimes. Até junho foram 15 vítimas, enquanto em 2012 ocorreram 11 mortes. A delegada regional Elisabeth Reis destaca que embora o percentual pareça alto, o aumento de homicídio não é sentido na prática e demonstra preocupação real com a quantidade de assaltos.
Os delitos ocorrem para sustentar os vícios. “O uso de entorpecentes é alto na região, que é fronteiriça com a Bolívia, e as brigas entre usuários e traficantes são constantes por não pagamento de dívidas ou desacordo na divisão dos objetos roubados”. Elisabeth frisa que o aumento do efetivo das polícias Civil e Militar, associado à implantação de políticas públicas, auxiliariam na redução da criminalidade na região.
Raquel Ferreira – A Gazeta