Para Tadeu da Ponte, diretor da Primeira Escolha, empresa especializada em avaliações e métricas educacionais, em um exame de grande porte e com tantos participantes, estar bem preparado em todas as disciplinas é fundamental. E, mais do que isso, conhecer bem os processos de correção pode ser decisivo para conseguir uma boa nota. Ele considera o método TRI o mais justo na atualidade, pois valoriza com fundamento estatístico a coerência da relação de erros e acertos, porém, lembra que é um método específico para exames com muitos participantes, como o Enem. “Imagine classificar 7 milhões de pessoas em uma escala de zero a 180. Haveria muitos empates”, diz. “O que a TRI faz é achar um número adequado, em uma escala maior, mantendo as 180 questões exigidas”, completa.
De acordo com o Ministério da Educação, a TRI qualifica o item de acordo com três parâmetros: Poder de discriminação, que é a capacidade de um item distinguir os estudantes que têm a proficiência requisitada daqueles quem não a têm; Grau de dificuldade e Possibilidade de acerto ao acaso (chute)
Essas características permitem estimar a habilidade de um candidato avaliado e de garantir que essas habilidades, medidas a partir de um conjunto de itens, sejam comparadas com outro conjunto na mesma escala, ainda que eles não sejam os mesmos e que haja quantidades diferentes de itens usados para o cálculo.
De acordo com Tadeu, a aplicação da TRI no Enem, na verdade, começa antes do exame. “Quando as questões chegam às mãos dos estudantes, elas já foram previamente classificadas de acordo com o nível de dificuldade. Esse processo tem fundamento estatístico, ou seja, elas já foram resolvidas por alunos de Ensino Médio. Posteriormente, foram incluídas no Banco Nacional de Itens e, finalmente, selecionadas para compor o exame”, explica
A fase final de aplicação acontece após o Enem, quando um sistema de cálculo atribui valor para cada questão acertada por cada estudante, conforme seu desempenho por nível de dificuldade das questões. Apesar da complexidade, o sistema desvaloriza os acertos das questões difíceis para quem não pontuou nas fáceis, considerando esses acertos como sorte (ou chute), e não proficiência.
"No entanto, mesmo que de maneira balanceada, todos os erros e acertos são considerados", destaca Tadeu, que complementa: “Se colocarmos lado a lado dois estudantes que acertaram o mesmo número de questões, terá mais pontos aquele cujos acertos forem mais coerentes para calcular a proficiência. Trata-se de uma avaliação de habilidades, portanto o acerto de uma única questão difícil por alguém que acertou somente questões fáceis não pode revelar uma alta proficiência para essa pessoa”.
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