O fato foi relatado ao Circuito pelo casal de aposentados Celina Karina de Oliveira, 75, e Antônio Pereira de Oliveira, 95, que há 35 anos residem na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. Há pouco mais de um ano, no entanto, eles passaram a viver um drama em decorrência das obras da trincheira do Santa Isabel.
Depois de a obra ter começado, Antônio, que também possui um salão alugado no local, alega ter recebido a visita de um engenheiro da Secopa, que realizou medições nas áreas que seriam desapropriadas. O problema, no entanto, é que parte dos imóveis teve de ser destruída, sendo que os custos foram pagos pelo proprietário.
Passado este processo, Antônio teve de fazer uma reforma em seus imóveis para adequar os espaços. Para surpresa do aposentado, outro engenheiro da Secopa retornou à sua casa e fez outra demarcação, sob a alegação de que uma nova demolição seria feita no local.
“Da primeira vez que eles vieram, nos disseram que quanto mais rápido providenciássemos a demolição, mais rápido nós receberíamos a indenização”, relatou Antônio, ao alegar que já gastou dinheiro, já derrubou muro e, ainda assim, não recebeu qualquer indenização. O aposentado assegurou, ainda, que a partir de agora, “se quiserem derrubar qualquer coisa, primeiro terão de me pagar”.
Além dos gastos que a Secopa “jogou nas mãos” do casal de aposentados, eles ainda afirmam que estão tendo outros prejuízos por conta da obra da trincheira. Isto porque, como perderam parte do salão que alugavam, o valor do aluguel – que era utilizado para pagar tratamentos de saúde – também teve de ser reduzido. “Com nossa aposentadoria a gente mantém os gastos da casa, mas os tratamentos médicos estão sendo difíceis de serem custeados”, disse o aposentado, que ainda completou alegando que não esperava que o Governo fizesse isso com pessoas idosas.
O casal alega ter recebido documentos e um cartão para que pudessem sacar o valor indenizatório, porém até hoje nada foi depositado. Não bastasse o descaso, ambos ainda tiveram de ouvir de representantes da Secopa, que se eles “não concordassem com o valor, que procurassem um advogado”. Por fim, Antônio se diz intrigado, já que não tem conhecimento de onde os valores das desapropriações estão sendo depositados. “Eu queria saber, então, por que não pagam a gente. Já pagaram três vizinhos nossos e eu não sei qual o critério que é usado para liberar o pagamento. Esse dinheiro está fazendo falta, eu preciso me tratar e minha mulher também”.
O caso foi encaminhado à Defensoria Pública.