Esportes

MPE dá 24h para Secopa explicar risco de deslizamento

 
Uma das mais adiantadas para a Copa 2014, a obra está sendo motivo de preocupação para moradores do bairro Santa Helena, em uma área localizada no ponto mais alto do corte de solo feito pela empreiteira para a construção da passagem viária.
 
A reportagem mostra que esse corte originou uma encosta íngreme, livre de vegetação, ao final dos quintais das casas, colocando os moradores em iminente risco de desmoronamentos. Mário Cavalcanti de Albuquerque, geólogo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MT), fez uma vistoria informal na região a pedido do Circuito Mato Grosso e comprovou que o talude (corte) praticado colocou a rocha em exposição, abrindo a possibilidade de deslizamentos na época das chuvas.
 
Mary JurunaO geólogo explicou que o solo é constituído de rochas metamórficas, sedimentadas “em folhas”, e o corte provocou falhas e fraturas, ocasionando a perda de estabilidade (veja infográfico). Essa instabilidade pode ser corrigida com a construção de um muro de arrimo, mas a um custo muito alto.
 
Caso a contenção tivesse sido feita previamente, com a correção da instabilidade do talude, não haveria riscos de um possível solapamento [erosão]. Consequentemente, não haveria situação de insegurança para a população local. 
 
O elevado risco de desmoronamento e queda de barranco é causado pela perda da coesão do material. As intempéries, isto é, a sucessão de períodos de chuva seguida de períodos de estiagem [sem chuva] começam formar no solo trincas e rachaduras que vão aumentando com o tempo. Como o solo está ‘em camadas’, há um deslizamento da camada mais externa que pode causar danos irreparáveis, como a perda de vidas humanas.
 
Albuquerque constatou que uma das rochas com fraturas está como um ‘iceberg’ e um bloco já foi solapado: “Mexeram numa caixa de marimbondos”, comparou o profissional.
 
Dona Vani está apreensiva - Foto Mary JurunaFamílias inteiras estão vivendo momentos de indecisão quanto ao futuro de suas casas, uma vez que não foram notificadas sobre qualquer intervenção da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa). Sob o manto de boatos, essas pessoas estão preocupadas, pois algumas casas já apresentam fissuras nas paredes e deslocamento dos muros. 
 
Moradora há 29 anos na mesma casa, dona Vani Zaneti se preparou para uma reforma no início do ano, depois de ir até a Secopa saber se sua residência iria ser afetada pela construção do viaduto. Recebeu como resposta que estava tudo certo e, caso algum pedaço do terreno fosse usado na construção, ela seria ressarcida.
 
A família se junta para comprar material de construção e contratar um arquiteto, mas sua casa já apresenta fissuras e ela acredita que perderá tudo: “Meu filho está a poder de remédio ‘tarja preta’ com essa situação indefinida e pensando na quantia que vamos perder”, relata em desespero. 
 
Vani conta que durante as obras houve muitos abalos sentidos por todos os vizinhos e que tem até medo de ir ao fundo do quintal: “Antes era uma descida suave, agora virou um precipício; tenho medo de quando começar a chuva e ir levando tudo, até minha casa”.
 
Lidiane da Silva, moradora ao lado de dona Vani, informa que funcionários da Secopa estiveram lá fazendo pesquisas, tirando fotos e perguntando se havia rachaduras nas casas, mas não deixaram nada ‘oficial’.  Além da Secopa, assistentes sociais “estiveram aqui para verificar a situação das famílias, já que a maioria é humilde”, explicou Lidiane. Ela relata que um funcionário da Secopa disse que as casas seriam desapropriadas “porque os moradores estão impedindo o andamento da obra” e um geólogo contou que o barranco vai cair aos poucos.
 
Todas essas indefinições estão provocando revolta entre eles e uma das moradoras chegou a fazer uma pergunta contundente: “De que adianta essas obras para melhorar Cuiabá se está prejudicando tanta gente?”.
 

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Esportes

Para embalar, Palmeiras vai manter esquema ofensivo fora de casa

  A derrota para o Penapolense no último fim de semana trouxe de volta a tensão que marcou o rebaixamento
Esportes

Santos e São Paulo na vila opõe Neymar e Ganso pela primeira vez

  Ganso trocou o Santos pelo São Paulo de forma polêmica, em setembro, e até aqui não fez grandes jogos