O geólogo explicou que o solo é constituído de rochas metamórficas, sedimentadas “em folhas”, e o corte provocou falhas e fraturas, ocasionando a perda de estabilidade (veja infográfico). Essa instabilidade pode ser corrigida com a construção de um muro de arrimo, mas a um custo muito alto.
Caso a contenção tivesse sido feita previamente, com a correção da instabilidade do talude, não haveria riscos de um possível solapamento [erosão]. Consequentemente, não haveria situação de insegurança para a população local.
O elevado risco de desmoronamento e queda de barranco é causado pela perda da coesão do material. As intempéries, isto é, a sucessão de períodos de chuva seguida de períodos de estiagem [sem chuva] começam formar no solo trincas e rachaduras que vão aumentando com o tempo. Como o solo está ‘em camadas’, há um deslizamento da camada mais externa que pode causar danos irreparáveis, como a perda de vidas humanas.
Albuquerque constatou que uma das rochas com fraturas está como um ‘iceberg’ e um bloco já foi solapado: “Mexeram numa caixa de marimbondos”, comparou o profissional.
Enquanto isso, na Avenida Miguel Sutil, no início do viaduto, operários da construtora Dracon realizam a construção da calçada sem haver a devida contenção da encosta. O Circuito Mato Grosso perguntou ao responsável da obra, que não quis se identificar, sobre a construção do muro de arrimo: “Nossa empresa foi contratada apenas para fazer as obras do viaduto. A Secopa é quem tem que responder isso!”. A reportagem reiterou a pergunta sobre o muro e ele foi categórico: “Do jeito que está, se não construírem um muro com alta sustentação, cai muro e caem as casas”.
De acordo com o chefe de fiscalização do Crea, André Schuring, a entidade não tem atribuição para fazer nenhuma denúncia nem mesmo junto à Defesa Civil neste caso. “Apenas podemos interferir se houver um pedido formal do Ministério Público
Estadual”, explicou.