Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde, numa epidemia que se alastra e já atinge parte expressiva da população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados no fastfood, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em frente da televisão ou jogando videogame. Outro fator determinante para o desenvolvimento da patologia é a falta de acompanhamento familiar na rotina da criança.
As mães voltam a trabalhar cada vez mais cedo, tirando o aleitamento materno precocemente, e a inserção da mamadeira faz com que a criança se alimente mais do que o necessário. Além do que os leites industrializados apresentam um teor calórico muito superior ao do materno.
Para o pediatra e ex-presidente da Sociedade Mato-grossense de Pediatria (Somape), José Rubens do Amaral, a ‘terceirização’ dos hábitos familiares está diretamente ligada ao problema da obesidade infantil.
“A pior coisa que pode acontecer a uma criança é ficar sem o leite materno. Além das inúmeras doenças que são prevenidas pela amamentação, a criança passa a comer mais, já que as mamadeiras trazem uma facilidade na sucção. A TV também estimula a alimentação destas crianças que estão engordando descontroladamente. É preciso ficar atento porque a obesidade infantil vai cobrar um preço muito alto na vida adulta”, alerta o médico.
A entrada cada vez mais precoce das crianças nas escolas, no hotelzinho ou creche também contribui para o agravamento do problema. “Muitas vezes esses estabelecimentos não estão preparados para fornecer uma alimentação adequada. Outro problema é que a comida feita para um grande número de pessoas às vezes não atende às necessidades individuais da criança”, pondera.
Além da estética comprometida, o que interfere diretamente na autoestima dessas personalidades em formação, as patologias relacionadas à saúde também são de extrema gravidade. Junto com o excesso de peso, as crianças obesas apresentam alterações nos níveis de colesterol, pré-diabetes, pressão alta e outras complicações que aumentam o risco de problemas cardiovasculares.
“O cenário é ainda mais preocupante. Segundo pesquisas, até 2050 irá aumentar em 100% o número de casos de pessoas mortas por infarto e acidente vascular cerebral ainda em idade produtiva. E a obesidade infantil está ligada diretamente a estes problemas”, alerta José Rubens.
O problema tem se agravado de tal forma que alguns países já adotam medidas drásticas para combater a obesidade. Na Colômbia, em Cuba e nos Estados Unidos já estão disponibilizando uma cesta básica saudável em postos de saúde para combater a obesidade.
Para a obtenção de um diagnósticode obesidade infantil, os médicos fazem cálculos do Índice de Massa Corpórea (IMC) dividindo o peso pela altura ao quadrado, e completam os cálculos utilizando gráficos de curvas corporais por idade. Resultado acima de 85% caracteriza sobrepeso; acima de 95%, obesidade. Abaixo de 85% indica que a criança não tem sobrepeso.
Essa curva não é igual à dos adultos porque as crianças crescem e os números variam conforme a idade.