O ministro, mais novo integrante da corte, foi indicado pela presidente Dilma Rousseff em maio deste ano e ontem defendeu um entendimento do caso semelhante ao do discurso do PT desde o início do escândalo, em 2005. Ele foi enfático ao defender reformas do sistema político do país, mesma bandeira que Dilma e os petistas defendem como resposta à corrupção.
"É no mínimo questionável a afirmação de se tratar do maior escândalo político da história do país", disse Barroso. "Sem margem de erro, é o caso que foi mais investigado de todos, seja pelo Ministério Público, pela Polícia Federal, pela imprensa."
Para o ministro, o mensalão não foi um evento isolado na vida nacional, nem é cabível atribuir a corrupção a um determinado partido.
"Justamente ao contrário, ele se insere em uma tradição lamentável que vem de longe. Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior, dos nossos ou dos deles, não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada", afirmou.
Ao elaborar esse argumento, o ministro defendeu a reforma política. Segundo ele, o mensalão significou "a condenação de um modelo político incluídos no sistema eleitoral e o sistema partidário." Para o ministro, "se não houver reforma política tudo vai acontecer de novo", já que "o modelo brasileiro produz criminalização da política". Logo após os protestos de junho, que abalaram sua popularidade, a presidente Dilma propôs a convocação de um plebiscito para discussão da reforma política, como resposta à indignação das ruas.
A ideia do plebiscito foi rejeitada pela maioria dos líderes partidários no Congresso e naufragou. A Câmara montou uma comissão para estudar o tema. Barroso disse ontem que a reforma tem de ser feita, com ou sem consulta popular, pelo Congresso.
Fonte: Folha Online
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