Desse total, 51% estão concentrados em Cuiabá, ou seja, mais da metade dos profissionais disponíveis atende só 18% da população do Estado, com reflexos negativos no interior. O quadro também se repete em outros estados brasileiros, o que levou o Governo Federal a lançar o programa Mais Médicos a fim de atrair profissionais para o interior ou mesmo permitir a entrada de médicos estrangeiros no país para atender a demanda. A intenção da presidente Dilma Rousseff (PT) divide opiniões.
Mais da metade dos médicos trabalham em Cuiabá
Para o coordenador do curso de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Hélio Borba Moratelli, deve haver uma negociação entre os interessados envolvidos em aperfeiçoar o programa Mais Médicos, que pretende trazer médicos do exterior para suprir as deficiências em relação ao número de especialistas ou generalistas disponíveis na saúde pública brasileira.
Hélio afirma que a vinda dos médicos não é problema, e sim a forma como o governo quer trazê-los, sem a necessidade de realizar o exame obrigatório aos profissionais que se graduaram em instituições de ensino do exterior. Mas defendeu uma posição moderada, dizendo que o problema não demanda “fazer greve” ou “rebeldia contra”, e criticou a atuação do Conselho Regional de Medicina do Estado.
“Sobre o ‘Mais Médicos’, não somos favoráveis como está sendo feita sua implantação. Defendemos que eles façam o exame do Revalida. Mas, na minha opinião, temos que agir como adultos e conversarmos. O CRM não está tendo a posição correta nesse sentido, de um órgão controlador e fiscalizador, pois ele não pode incitar greves, isso é papel do sindicato. Está agindo de maneira errada”, opina ele.
O acadêmico diz que esse tipo de abordagem já deu resultados, citando o fato de o governo ter recuado na proposta de querer aumentar o tempo do curso de medicina, nas instituições de ensino superior, analisando que esse tipo de demanda cabe às escolas discutirem. Para ele, o caminho para resolver o impasse deve ser o da diplomacia, para tentar convencer os gestores públicos a mudar suas políticas.
“Parte dessa discussão já resultou no recuo do governo em querer aumentar o tempo de duração do curso de medicina. Esse tipo de decisão cabe às universidades, pois se a ciência se aperfeiçoou e ficou mais complexa, temos também meios práticos para se obter conhecimento, como a internet. Essa discussão deve ser diplomática. Precisamos convencer os gestores públicos”, relata ele.