A lavradora Júlia Firmino da Silva saiu de Rondônia e veio para a zona rural de Ouro Fino em busca de uma vida mais tranquila, mas não imaginou que não encontraria energia elétrica. Foi aí que os problemas começaram. O sonho dela é ter energia e água encanada. “Meu sonho é encher a caixa d´água e tomar um banho bem gostoso de chuveiro, dos pés à cabeça”, disse.
Na casa dela, a comida é feita no fogão à lenha. A água do banho também é esquentada no fogão e para ter também algum tipo de iluminação, a família dela usa lampião a gás. Para recarregar o telefone, os moradores vão até a cidade a cada dois dias. Já os demais aparelhos elétricos estão sem utilidade, como a geladeira que virou armário. “Aqui não tem televisão, não tem chuveiro elétrico, não tem nada. Nós já tentamos puxar um ‘gato’ do vizinho, mas a instalação não suportou e tivemos que cortar”, disse.
O problema se estende à falta de água, já que as torneiras também estão secas. A família de Júlia chegou a comprar uma bomba para tentar resolver o problema dentro de casa, no entanto, como o equipamento depende de energia elétrica para funcionar, não houve solução.
“Enquanto não temos energia elétrica, tenho que buscar água na mina para lavar roupa, tomar banho, fazer comida. É muito ruim carregar peso. Eu não aguento mais”,comentou.
Outros moradores e diferentes problemas
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Mas ela não é a única. O operador de máquinas Reinaldo Firmino da Silva mora na comunidade e reclama que a energia elétrica passa a poucos metros da casa, mas mesmo assim eles não conseguem a instalação. “Eu já procurei a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a situação é triste. Me disseram que só poderão ligar a luz elétrica aqui em 2014, mas que eu posso pagar e ligar por conta própria”, reclamou.
O agricultor Valdecir dos Santos Monteiro também teve problemas com isso. De acordo com ele, a instalação foi paga, mas feita em outra residência. “Eu pedi a ligação de energia elétrica, disseram que demoraria 180 dias e quando vieram, fizeram a instalação na casa de um vizinho. Não dá para viver desse jeito”, contou.
Já a dona de casa Liliana da Silva Miranda conseguiu energia elétrica na casa em que vive para cuidar do filho Anderson, que tem paralisia cerebral e precisa de cuidados especiais. “Eu puxo a eletricidade da casa do meu pai e o sistema não suporta compartilhamento. Se tem um aparelho ligado, há oscilação em todos os outros. Para meu filho fazer inalação, tivemos que desligar todos os outros aparelhos”, relatou.
Problema só será resolvido em 2014, diz Cemig
Procurada, a Cemig disse que os moradores do bairro Feijoal estavam cadastrados no programa ‘Luz Para Todos’, que foi extinto em dezembro de 2011. No lugar, foi criado o programa de Universalização. Para o atendimento são exigidas documentações como comprovação de posse do imóvel.
“Eles devem passar por um recadastramento. A orientação é para que procurem nossos pontos da Rede Cemig Fácil de Atendimento e façam uma solicitação de recadastramento por meio do Formulário de Solicitação de Atendimento Rural – Ligação Nova, ou que contratem uma empreitada cadastrada pela Cemig e façam a ligação para serem ressarcidos até dezembro de 2014”, explicou o agente de comercialização, Alexandre Almeida.
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Ouro Fino também foi procurada e disse desconhecer os pedidos de colocação de energia elétrica no bairro. Ainda de acordo com a assessoria, isso é uma responsabilidade da Cemig.
G1.Com
