Segundo testemunhas, o Exército abriu o fogo contra os manifestantes que lançavam pedras nas ruas da capital egípcia e contra outras pessoas que marchavam tentando alcançar uma das praças onde estava sendo realizado o protesto. Um manifestante relatou ter visto pelo menos 20 pessoas feridas nas pernas com tiros de armas de fogo. Os manifestantes favoráveis ao ex-presidente lançaram pedras e coquetéis molotov contra os militares.
Um jornalista da Agence France Presse afirmou ter visto os corpos de pelo menos 43 pessoas, todos homens, mortos a tiros. O Ministério da Saúde informou que somente 15 manifestantes morreram e 203 ficaram feridos. Segundo o governo egípcio, pelo menos 200 membros da Irmandade muçulmana foram presos nas praças Rabaa e Nahda, locais onde estavam concentrados os protestos, mas os nomes das pessoas detidas ainda não foram divulgados.
O Ministério do Interior do Cairo informou que as forças de segurança retomaram o controle de uma das duas praças onde estavam concentrados os protestos, relatando da morte de dois policiais assassinados a tiros por manifestantes que "abriram o fogo contra a polícia".
O governo interino egípcio pediu a todos os manifestantes que "sejam sábios e coloquem os interesses da pátria antes de tudo". O porta-voz do Executivo relatou que "o conselho dos ministros está determinado a agir com firmeza contra os sabotadores e a persegui-los". O governo bloqueou a circulação de todos os trens para evitar manifestações fora do Cairo. O movimento integralista islâmico egípcio, Jamaa Islamiya, próximo aos partidários de Morsi, alertou que se a situação não mudará "ocorrerá uma revolução global em todo o país".
Em um comunicado à ANSA, a organização denunciou "os massacres cometidos pelo regime militar golpista contra as manifestações pacificas nas praças Rabaa e Nahda". "Esses horríveis massacres não deveriam ser cometidos pelo Exército e pela polícia contra manifestantes pacíficos", escreveu a Jamaa no comunicado, pedindo a intervenção de todas as organizações de defesa dos direitos humanos. A União Europeia (UE) informou que "a notícia das desocupações das manifestações pro-Morsi por parte da polícia "é extremamente preocupante" e reafirmou que "a violência não levará a nenhuma solução". "Lançamos um apelo para que as autoridades egípcias procedam com o máximo auto-controle”.
Fonte: Ansa Brasil
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