A pesquisa foi publicada no British Medical Journal e analisou o histórico de contaminação pelo vírus em uma família no leste da China. Segundo as conclusões, é muito provável que o H7N9 tenha sido transmitido de um paciente de 60 anos para a filha dele.
Especialistas consideram a constatação muito preocupante. A princípio, o H7N9 era transferido apenas de aves para seres humanos. No entanto, autoridades de saúde não acreditam na possibilidade de a doença se espalhar tão rápido entre as pessoas. Segundo o epidemiologista Chang-jun Bao, um dos coordenadores do estudo, ainda não há motivo para entrar em pânico. Ele afirma que a transmissão de novas variantes do vírus de pessoa para pessoa não é tão eficaz.
Até o fim de maio, a China já havia registrado 133 casos e 43 mortes por causa da gripe aviária, segundo dados mais recente da Organização Mundial de Saúde, OMS. "A ameaça que o H7N9 causa ainda não passou", comentou James Rudge, da Escola de Londres para Higiene e Doenças Tropicais.
O estudo analisou o caso de um chinês de 60 anos que frequentava com regularidade um mercado de aves vivas. Seis dias depois da última visita ao mercado, o paciente adoeceu. Ele foi hospitalizado em 11 de março último e faleceu em 4 de maio devido à falência múltipla de órgãos, relatou a pesquisa.
A segunda paciente avaliada foi a filha dele, de 32 anos. Ela não teve contato com aves vivas, mas esteve ao lado do pai enquanto ele recebia tratamento no hospital. A filha apresentou os sintomas seis dias após o último contato com pai e faleceu no último 24 de abril.
Testes genéticos revelaram ainda que os vírus detectados nas duas pessoas eram praticamente idênticos. Especialistas não descartam a possibilidade de que a infecção possa ter acontecido em outro lugar, mas consideram isso "menos provável".
Por outro lado, nenhuma das outras 43 pessoas que tiveram contato próximo com os dois pacientes relatou queixa parecida com as dos pacientes que morreram. A alternativa mais provável é que haja uma predisposição genética para a infecção.
Para Peter Horby, especialista em gripe aviária da Universidade de Oxford, existem evidências de que fatores genéticos possam tornar algumas pessoas mais suscetíveis à gripe aviária.
Outra variável preocupante do vírus da gripe aviária, o H5N1, foi observada pela primeira vez em 1996 e, desde então, vitimou milhões de aves. Cerca de 600 pessoas contraíram esse vírus e 377 morreram. A maioria dos casos aconteceu na Ásia.
Segundo James Rudge e Richard Coker, da Universidade de Cingapura, a capacidade do vírus de passar desapercebido em aves antes de infectar humanos é preocupante. De acordo com eles, autoridades devem ficar em alerta. A doença se propaga com mais facilidade no inverno.
Fonte: Terra
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