Governo cria “segunda classe” no SUS
O contraste também impera na distribuição dos recursos: enquanto o Hospital Metropolitano recebe do Estado mais de R$ 2,2 milhões mensais, a verba do PS de Várzea Grande é próxima a RS 800 mil, dividida em R$ 600 mil para o pronto-socorro e R$ 200 mil para as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e do PS de Cuiabá, e o parco recurso de R$ 1,4 milhão para atender pacientes de todo o Estado, sendo R$ 750 mil pelos 40 leitos de UTI.
A diferenciação também é gritante na área de atendimentos, como se comprova com o número de assistências médicas prestadas. No Hospital Metropolitano, a maior parte das cirurgias é eletiva [agendada] e de média ou baixa complexidade como cirurgia bariátrica, mas o pagamento é alto: cerca de três vezes a tabela do SUS. Nos PS, toda a sorte de atendimento deve ser feito, independentemente da complexidade e com tabela ‘seca’ do SUS.
“Aqui atendemos todas as ocorrências: desde um corte no dedo até traumatizados por acidentes, e não se pode escolher o que e a quem atender. Se não tem leito, até no chão temos que colocar o paciente, pois é nossa obrigação prestar o atendimento”, relata Renato Tápias Tetila, subsecretário de Atenção Terciária de Saúde de Várzea Grande.
Tetila conta que o pronto-socorro está com equipamentos muito velhos, o que tem provocado, ainda mais, queda na qualidade do atendimento. “Nossa autoclave tem 20 anos de uso e acabou ficando avariada, levando-nos a diminuir de 10 para 3 cirurgias por dia”, conta o subsecretário que ainda diz que “dois leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão fechados por falta de respirador”.
Por Rita Anibal
Foto: Pedro Alves