O analista político Alfredo da Mota Menezes, que chegou a achar que a troca dos juros da dívida pública do Estado com o Bank of America foi um bom negócio, agora mudou de posicionamento diante da política econômica dos Estados Unidos em retirar dólares do mercado.
“O dólar estava se comportando dessa maneira (variação mais baixa) porque o governo americano – tentando recuperar a economia dos Estados Unidos – estava jogando dólar no mercado, muito dólar, o governo americano já decidiu retirar, por isso a variação cambial começou a subir e a economia está se tocando por si mesma. É uma questão de oferta e procura: se tiver muito dólar no mercado, a tendência é desvalorizar; se você tira o dólar do mercado, a tendência é ele se valorizar e não tem como ele cair, a tendência dele é de US$1 para R$2, como era antes”.
Menezes comenta que todos os empréstimos contraídos e renegociados pela gestão atual vão explodir no colo do próximo governador, que passa a pagar as parcelas em 2015. “As finanças do Estado estão com problema: há um déficit de R$917 milhões, um buraco, por isso não está pagando saúde, não está pagando nada. O próximo governador vai herdar uma ‘bomba’”, comenta o articulista.
E observa que além do déficit, o Estado começa a pagar a dívida contraída para o MT Integrado com o BNDES, começa a pagar os empréstimos da Caixa Econômica Federal para obras da Copa. “Veja só esse detalhe: começa a pagar a dívida com o Bank of America e que tinha uma enorme vantagem porque o dólar estava estabilizado, mas agora o dólar explodiu; tem que contar a variação cambial. Nós vamos pagar mais do que pagava para Brasília”.
A priori, ele destaca que a venda da dívida como foi feita foi interessante, inclusive a análise da série histórica de como o câmbio variou nos últimos 10 anos. “Nós pagávamos de juros a Brasília 15% ao ano. Foram lá e venderam o seguinte: 5% ao ano mais taxa cambial. Mas agora o dólar explodiu e a tendência é explodir mais porque ele está em R$2,22. Isso quer dizer 11% de aumento, mais 5%, são 16% e Brasília era 15% e a tendência do dólar é crescer mais. Se ele for a R$2,30 é 15% de variação cambial, agora 15% mais 5% de juros são 20% e nós pagávamos 15% para Brasília”.
Por Débora Siqueira
Foto: Pedro Alves