Transplantes de medula ‘livram’ dois pacientes do vírus HIV
Segundo os médicos, um dos pacientes já não toma medicamentos há 15 semanas e o outro há 8 e, desde então, exames não detectaram sinais do HIV em seus organismos. A equipe pondera que ainda é muito cedo para falar de cura para a Aids e alerta que o vírus pode retornar a qualquer momento.
Os pesquisadores explicam que é muito difícil se livrar do vírus, que se esconde dentro o DNA humano, formando "reservatórios" pelo corpo. Os dois homens, que não foram identificados, são portadores de HIV há cerca de 30 anos. Ambos tiveram câncer linfático, um tipo de tumor que requer transplante de medula.
A medula óssea é onde as células sanguíneas são produzidas e acredita-se que o órgão seja um "grande depósito" de HIV. A equipe médica que acompanha os pacientes acredita que os medicamentos antirretrovirais tenham protegido a medula transplantada da infecção. Ao mesmo tempo, o novo órgão teria "atacado" o que restou da medula original dos pacientes, que poderia estar abrigando o vírus. Em um dos pacientes, os médicos não detectaram sinais do vírus nos quatro anos seguintes ao transplante. No outro paciente, dois anos após a operação o vírus também não havia retornado. Ambos foram liberados dos antirretrovirais no início deste ano.
O médico Timothy Henrich disse à BBC que os resultados são animadores, ressaltando que ainda é cedo para falar de cura.
No entanto, Henrich afirmou que o vírus ainda poderia estar se escondendo no tecido cerebral ou no trato gastrointestinal. Se o vírus voltar significa que esses outros órgãos são um reservatório importante para o vírus, o que pode reorientar as pesquisas sobre a cura da Aids.
Timothy Brown, também conhecido como "Paciente de Berlim", é a única pessoa de quem se tem notícia até hoje que tenha ficado curado da Aids. Em 2006, ele recebeu um transplante de medula óssea de um doador raro, imune ao vírus HIV.
Fonte: BBC
Foto: Ilustrativa