A maioria dos detidos são estudantes, mas havia também mecânicos, servidores públicos, militares, serventes de pedreiro, empresários e desempregados entre eles. Até as 9h40 deste sábado, pelo menos três pessoas continuavam presas. Segundo a Polícia Civil, entre as autuações estão crimes por dano ao patromônio público, dano qualificado, formação de quadrilha e desacato. Os liberados tiveram de pagar fiança de R$ 2 mil, e os menores só puderam sair após a chegada dos pais.
A manifestação começou no fim da tarde na Praça Rui Barbosa, no Centro, reunindo mais de 15 mil pessoas, segundo a PM. O grupo se dispersou em passeatas em direção à Praça Santos Andrade, à Arena da Baixada e ao Palácio Iguaçu. A primeira confusão foi registrada no estádio, que está em obras para Copa do Mundo, e seria alvo de protestos contra o gasto excessivo com o evento. Na chegada dos manifestantes, porém, um grupo de torcedores do Atlético-PR atirou pedras e rojões, dando início ao conflito que só terminou após a intervenção do batalhão de choque da PM.
Um dos rojões chegou a atingir a fiação elétrica e deixou parte dos moradores sem luz. Até a publicação desta reportagem a Companhia Paranaense de Energia (Copel) ainda não havia dado retorno sobre a situação no local.
A confusão maior, porém, foi registrada na Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. Um grupo começou a jogar objetos e bombas caseiras contra o prédio, e o Batalhão de Choque da PM interveio para dispersar os manifestantes. A maior parte da destruição ocorreu neste momento, enquanto o grupo recuava pela avenida.
Quatro estações-tubo foram depredadas, e alguns cobradores foram atingidos por pedras. Na manhã deste sábado, funcionários da Urbanização de CuritibaS/A (Urbs), que gerencia o transporte coletivo na cidade, contabilizavam o prejuízo e orientavam os motoristas que não podiam parar nas estações interditadas. “Eles queriam acertar o cobrador, só não conseguiram porque ele estava de pé na hora que a pedra veio”, contou um funcionário que preferiu não ser identificado.
De acordo com o encarregado de manutenção da Prefeitura de Curitiba, Caiado, os manifestantes atacaram o local enquanto fugiam da tropa de choque. “Quebraram 121 chapas de vidro, quebraram o ar-condicionado da central telefônica, divisórias, alguns computadores, as portas de entrada, placas, floreiras. Derrubaram tudo que tinha”, disse. Em nota, a Prefeitura informou que a Guarda Municipal prendeu três dos vândalos e os encaminhou para a Polícia Civil, para que fossem autuados em flagrante por dano qualificado. Imagens registradas devem ser enviadas à Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério Público.
Um dos locais com maior prejuízo foi uma farmácia que teve a porta arrombada, sendo saqueada por diversas pessoas em seguida. O G1 estava no local quando a primeira funcionária do estabelecimento chegou na manhã deste sábado, sendo surpreendida pelos estragos. “À primeira vista foi um impacto muito grande, porque ontem a gente saiu daqui com a esperança de que nada acontecesse. A gente esperou que fosse uma manifestação pacífica, mas acabou sendo um vandalismo uma destruição. O comércio não tem nada a ver com isso, são os governantes. O vandalismo é desnecessário”, reclamou Karine Machado.
Como a porta de ferro do local foi derrubada, seguranças particulares tiveram de cuidar da entrada da farmácia durante toda a madrugada. Segundo eles, foram saqueados apenas produtos cosméticos e alimentos – os caixas ficaram intactos. O restaurante ao lado da farmácia, que teve cadeiras e mesas roubadas e incendiadas no meio da avenida estava fechado, mas com vidros quebrados. Agências bancárias também foram alvo do grupo, que quebraram portas e monitores, além de deixarem diversas pichações com dizeres “Roube”, e “Vandalismo sim”.
G1