Isso tudo, além de um contrato de concessão enfiado goela abaixo da população pelo ex-prefeito Chico Galindo (PTB) com aval da maioria dos vereadores e que resultou na perda de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Todos esses fatores não foram suficientes para o presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel (PSD), aprovar o pedido de criação da CPI da CAB, Comissão Parlamentar de Inquérito feito aos brados pelo vereador Domingos Sávio (PMDB) para apurar irregularidades nos serviços prestados pela concessionária CAB Ambiental, que ganhou o direito de explorar os serviços de água e esgoto em Cuiabá pelos próximos 30 anos.
A CPI chegou a ganhar a simpatia de alguns parlamentares, mas não do presidente da Câmara, que alegou, com seu voto contra, combater a banalização das CPI no Legislativo. Sávio recuou e concordou em reduzir a CPI a uma Comissão Permanente de Avaliação. E o vereador Toninho de Souza (PDT) que ganhou espaço na mídia defendendo o fim do contrato, também recuou alegando não ter elementos para seguir com sua proposta.
Procurado pelo Circuito Mato Grosso, João Emanuel supervalorizou a comissão. “Nós vamos fazer mais do que uma CPI, vamos analisar permanentemente os serviços da CAB. Na verdade já existia uma comissão de acompanhamento e nós a transformamos em comissão permanente e que não tem prazo de validade como a CPI”, acrescentou na tentativa de justificar o veto ao mesmo tempo em que afirmava ser totalmente a favor das investigações da CAB Cuiabá, “já que os serviços estão muito aquém do que precisamos”.
E o autor da proposta, vereador Domingos Sávio, também taxativo ao dizer que não desistiu da CPI – para a qual conseguiu 14 assinaturas – se restringiu a afirmar que aceitou o veto porque recebeu de João Emanuel a proposta de uma comissão “com poder de investigação”.
“Estou só esperando a publicação da comissão, que deve acontecer até terça-feira (4), para dar início nos trabalhos. Serei responsável pela presidência ou relatoria, e vou destrinchar o contrato realizado com a CAB para ter certeza de que nós não estamos sendo enganados, porque a impressão que temos é que o serviço que está sendo feito é de péssima qualidade e que não estão cumprindo seu papel de levar água para toda a população, nem perto disso.
Por Sandra Carvalho e Mayla Miranda – Da redação
Fotos: Pedro Alves