Várzea Grande continua superando Cuiabá no número de mortes: em abril foram 12 assassinatos na capital contra 14 da Cidade Industrial. O maior problema é que 70% destes crimes não são solucionados dentro dos prazos previstos por lei, ou nem mesmo após os prazos, chegando a um grande índice de prescrição de crimes, de acordo com a Delegacia de Proteção à Pessoa (DHPP).
“Nós temos percebido claramente que os índices de mortes violentas têm ficado muito acima do considerado "normal" proporcionalmente à população destas duas cidades. Somente neste trimestre, Várzea Grande teve um aumento em 10% nos crimes violentos. Com isto, os índices de Cuiabá também são puxados para cima”, pontuou o delegado responsável pela DHPP, Silas Tadeu Caldeira, que completou dizendo que este quadro continua crescente, principalmente nesses últimos cinco anos.
Já em relação ao baixo índice de solução destes crimes, que estão principalmente relacionados ao consumo de drogas – sobretudo por parte dos autores –, a falta de efetivo é apontado como principal fator de dificuldade. Sem os especialistas necessários no momento das ocorrências, que acontecem em sua maioria de madrugada, as provas acabam se perdendo na movimentação das pessoas no local.
“Sem estas provas, a polícia depende ainda mais do testemunho das pessoas que, por medo, não nos passam as informações necessárias. Nós até estamos mudando a nomenclatura de 'denuncie' para 'colabore', para ver se desta forma a população passa a nos conceder mais informações”, informa Silas.
E sem políticas públicas direcionadas ao fortalecimento da segurança, os poucos policiais e investigadores que trabalham com baixa estrutura de equipamentos ainda apresentam um bom índice de identificação dos criminosos. Já o índice de prisões ainda fica muito aquém do ideal, principalmente por conta da dificuldade de localização dos identificados.
O delegado titular do Centro Integrado de Cidadania e Segurança (Cisc) do Coxipó, Wilson Leite, que convive diariamente com a violência, explica que, além das brechas na legislação brasileira, a falta de estrutura familiar e o não temor às leis divinas são os principais motivos que fomentam o crescimento da violência no mundo.
“Muito embora o Estado tenha a atribuição de fazer valer o papel da segurança para a sociedade, antes disso, todavia, o fator principal que eu vejo é a degradação da família. Hoje os adolescentes não respeitam mais nada. Nós percebemos aqui, todos os dias, o ódio, a falta de temor e de amor e da família. A maioria destes jovens reincidentes no crime não tem respeito, não respeitam na verdade nem a si próprios há muito tempo, então como poderiam respeitar mais alguém?”, relata o delegado.
Para o delegado, diante desta desestrutura o tráfico acaba agindo onde as famílias deixam as brechas e onde o Estado também deveria atuar e não o faz. Então, o que o Estado deixou de fazer, principalmente na educação, e com a falta de estrutura familiar, o submundo veio tomar conta. Desta maneira, a única solução para acabar com a violência é uma junção dos poderes e dos governos para realizar uma ação conjunta e efetiva, em nível de educação, que é um quesito fundamental para o combate à violência, fazendo a inserção nas escolas de programas educativos e efetivos.
“Na verdade, temos que nos unir para que nossos filhos e familiares tenham de novo a sensação de patriotismo e responsabilidade com a nossa sociedade. De outra maneira, não temos como retroagir deste caos violento que se tornou a nossa sociedade”, afirmou o delegado dizendo que Infelizmente a família se degradou.
Por Mayla Miranda – Da redação
Fotos: Pedro Alves