A declaração desmente a entrevista de Carla del Ponte, inspetora da comissão, exibida pela televisão suíça no domingo (5). Ela disse ter ouvido depoimentos de civis sírios que acusaram os rebeldes de terem usado gás sarin, que possui efeito paralisante, contra as tropas do governo sírio.
No entanto, a integrante da ONU, que é ex-promotora suíça, disse que as investigações ainda estão sendo concluídas. O sarin é um potente gás neurotóxico, capaz de causar desmaios, convulsões e o bloqueio da transmissão de impulsos nervosos, levando à morte por parada cardiorrespiratória.
Em entrevista coletiva, Pinheiro ainda voltou a fazer o alerta de que o uso de armas químicas é proibido por qualquer uma das duas partes no conflito. O desmentido acontece em meio a uma série de acusações contra os dois lados do conflito pelo uso de armas químicas.
Na semana passada, Israel e Estados Unidos afirmaram ter provas de ser provável a aplicação de gás sarin, proibido pela ONU, no conflito. Em março, o regime e a oposição trocaram acusações sobre o uso das armas em Aleppo, no norte do país.
A entidade mundial pediu acesso ao território sírio ao regime de Assad para investigar todas as suspeitas. No entanto, Damasco afirmou que só vai liberar a entrada a Aleppo, local onde ocorreu o ataque que o regime diz que aconteceu.
NEGATIVA
A acusação foi negada por um grupo rebelde, o Exército Livre Sírio, uma das maiores forças contrárias ao regime de Assad. O porta-voz da entidade, Qasem Saadedin, disse que os comentários são meras especulações.
O representante rebelde afirmou que ela não tem provas e disse que a ONU não pode comprovar o uso por não ter conseguido entrar na Síria. Os inspetores da organização ainda não conseguiram permissão do governo para entrar no país.
Para ele, os únicos capazes de controlar as armas são o regime sírio e milícias do grupo radical libanês Hizbollah. A declaração, no entanto, não contempla outros grupos rebeldes sírios, incluindo a Frente al Nusra, vinculada à Al Qaeda.
O uso de armas químicas é o motivo colocado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para fazer uma intervenção militar na Síria. Na semana passada, ele disse não ter evidências comprovadas sobre o armamento, o que não justificaria uma invasão.
Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram no país desde o início do conflito entre os insurgentes e o regime de Bashar Assad, há mais de dois anos.
Fonte: Folha de São Paulo