Ele foi punido após declarações de apoio a homossexuais e questionamentos a dogmas da Igreja Católica.
O ex-religioso, que pensa em fazer carreira política e negocia filiação ao PSOL, não participou da manifestação, organizada por católicos reunidos num grupo de apoio criado no Facebook. Enquanto a passeata ocorria, ele se pronunciou por meio da rede social.
"Caráter não tem relação com raça, sexualidade, nacionalidade ou profissão", escreveu.
A passeata teve contornos de procissão católica. De branco, os manifestantes rezaram e cantaram músicas religiosas. Mas os apoiadores também entoaram gritos contra o preconceito e, com faixas e cartazes, manifestaram apoio ao ex-padre.
Militantes da causa gay também participaram. O vereador Markinho de Souza (PMDB), um dos líderes do movimento da diversidade em Bauru, disse que, em vez de excomungar o ex-padre, a Igreja Católica deveria punir pedófilos.
O evangélico Aloisio Pereira da Silva Júnior, fundador da primeira igreja gay da cidade, lembrou que também foi expulso do movimento Renovação Carismática, da Igreja Católica, ao assumir a homossexualidade.
A passeata começou em frente à Catedral do Espírito Santo, na região central de Bauru, e seguiu pelo calçadão da Batista de Carvalho, o principal ponto do comércio popular da cidade.
Durante o percurso, uma manifestante foi atingida por um líquido não identificado e sentiu a pele arder. Ela procurou atendimento médico. A reportagem não conseguiu contato com a unidade de saúde.
A Diocese de Bauru divulgou um comunicado em que o padre nomeado juiz instrutor do processo de excomunhão nega que a punição decorra das declarações de padre Beto em favor dos gays.
A excomunhão, segundo o juiz, ocorreu porque ele "se negou categoricamente a cumprir o que prometera em sua ordenação sacerdotal: fidelidade ao Magistério da Igreja e obediência aos seus legítimos pastores".
O juiz decretou o sigilo do caso e nenhum integrante da diocese pode dar declarações.
Beto recebeu convite de filiação ao PSOL e disse que a possibilidade de aceitar é grande. Por enquanto ele não fala em candidatura. Em maio, vai a Brasília participar de um encontro sobre sexualidade e religião organizado pelo deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ).
Fonte: Folha de São Paulo