Todo esse conjunto de informações incitando as pessoas à felicidade e à cultura do prazer imediato, e vendendo para o indivíduo uma realidade inalcançável pode ser a grande responsável por esse comportamento, de acordo com a psicóloga Mara Cristina Tondin. “Na verdade não são as drogas que têm se mostrado tão mais interessantes assim. Os processos sociais de consumo imediato promovidos pela mídia, a desigualdade social e principalmente a necessidade da felicidade a qualquer preço têm levado os jovens a conhecer os entorpecentes cada vez mais cedo”, pontua.
As redes sociais, principalmente, mostram-se diretamente ligadas a esta condição. Pessoas felizes postando fotos de viagens, baladas, roupas de moda e visual impecável estão diante dos olhos e atingem diretamente a autoestima. Na idade de descobertas e necessidade de aceitação, esta combinação pode influenciar muito os jovens.
“As drogas têm se tornado o grande bode expiatório da sociedade quando, na verdade, a discussão deveria ser sobre um processo educacional de qualidade, o melhoramento da cultura e ações sociais efetivas para o verdadeiro envolvimento dos jovens. Hoje, a droga é um sintoma da sociedade, não a doença”, garante. Ainda segundo a psicóloga, a droga já faz parte da sociedade e tentar negá-la é um erro, quando na verdade a saída seria um movimento educacional contrário à midiatização da pessoa.
Para Naldson Ramos, sociólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o aumento assustador e gradativo do envolvimento dos jovens com o mundo das drogas está diretamente relacionado com o ambiente onde ele vive, independente de classes sociais. Onde os adolescentes se deparam com drogas lícitas como bebidas alcoólicas e cigarros e as drogas consideradas ilícitas, dentro da sua própria residência.
“Outro caminho bastante frequente para o ingresso nas drogas é por meio de relacionamentos e convívio social, principalmente nas escolas ou na rua”, destaca o sociólogo, lembrando ainda que na fase da adolescência o indivíduo necessita ainda mais de pertencer a um grupo, ou até mesmo liderá-lo, o que pode facilitar o início do uso dessas substâncias simplesmente por autoafirmação.
O sociólogo ainda aponta a falta de diálogo familiar como um dos principais fomentadores do aumento do problema. A falta de políticas públicas de atenção às drogas e o método do tratamento do assunto nas escolas embasam o cenário escabroso.
“Primeiro, no âmbito da família, se conversa pouco acerca dos riscos sobre a saúde e a segurança. Na maioria das vezes os pais vão descobrir o problema quando o adolescente já apresenta grandes sintomas de dependência crítica, dificultando as chances de recuperação. A escola trata o assunto de maneira totalmente descontextualizada. Dentro do grupo social, o jovem continua vulnerável, desta forma as expectativas são ruins”, pontua Naldson, lembrando ainda que pesquisas recentes revelam que 60% dos usuários de drogas tiveram início em casa, na escola ou na rua onde moram.
Por Mayla Miranda – Da redação
Fotos: Pedro Alves