Internacional

Centro-esquerdista Enrico Letta é nomeado premiê da Itália

Letta aceitou nesta quarta-feira "com reservas" a incumbência de formar um governo na Itália, informou a presidência. Isto significa que Letta pedirá um certo período de tempo para fazer suas consultas e posteriormente se reunirá novamente com o presidente Giorgio Napolitano para dar sua resposta definitiva. 
 
Em entrevista concedida após o encontro com Napolitano, Letta disse que é necessário o apoio dos outros partidos e que o governo não será formado a qualquer custo.
 
Letta afirmou que seu governo vai se concentrar no emprego e em ajudar os pequenos negócios, bem como nas tão necessárias reformas institucionais e políticas – a problemática lei eleitoral do país é em grande parte responsável pelo impasse político instalado em fevereiro.
 
O vice-líder do Partido Democrático afirmou que a União Europeia se concentrou muito em políticas de austeridade e que é preciso fazer mais para promover o crescimento econômico. "Pedirei à União Europeia que modifique a linha política de excessiva atenção à austeridade, porque não é suficiente", declarou.
 
Letta deve compor um ministério misturando políticos e tecnocratas. Seu gabinete deve ser submetido a um voto de confiança até o fim de semana
 
Napolitano encarregou Letta de formar um governo de coalizão apoiado pelas forças de centro-direita e de centro-esquerda, assim como havia anunciado em seu discurso de posse na segunda-feira no Parlamento.
 
Crise política
 
O impasse político na Itália perdura desde a eleição parlamentar de fevereiro, quando o PD fez a maior bancada na Câmara, mas não conseguiu maioria no Senado. Desde então, o partido centro-esquerdista era incapaz de costurar uma aliança com rivais.
 
O fim da crise começou a se delinear no último fim de semana, quando Napolitano, 87 anos, foi reeleito pelo Parlamento, num fato inédito na República Italiana, após as divisões entre as forças políticas do país não terem conseguido, nas últimas semanas, chegar a um acordo para decidir o nome de de seu sucessor ou o candidato a formar um novo governo. 
 
Letta, ainda jovem para os padrões de políticos na Itália, mas já com um longa carreira e uma grande experiência acumulada como europarlamentar, três vezes ministro e também subsecretário da presidência, superou Giuliano Amato, 75 anos, que seria outra opção de Napolitano.
 
Havia uma ampla expectativa de que Napolitano indicaria o ex-premiê Giuliano Amato, mas aparentemente ele preferiu uma figura com maior trânsito político, no que reflete uma mudança de geração na política italiana.
 
Fluente em inglês, Letta será o segundo premiê mais jovem da história italiana. O fato de ser solidamente favorável à associação com a União Europeia deve ser bem recebido pelos mercados e por governos estrangeiros.
 
O dirigente do Partido Democrático, considerado um moderado e que procede da Democracia Cristã, anunciou na terça-feira que seu partido estava disposto a apoiar um governo que levasse em consideração a "emergência econômica e social" e que realizasse as reformas pendentes. 
 
Depois de se reunir na terça-feira com Napolitano durante as rodadas de consultas que o presidente realizou com os partidos, Letta frisou a necessidade de reformar a política para "sair da crise". Letta disse que era preciso "reduzir o número de parlamentares e abolir as províncias, assim como adotar um novo sistema eleitoral".
 
O gesto de Napolitano foi apoiado por muitos por significar um sopro de renovação na política italiana. O PD foi o vencedor das eleições, embora sem atingir maioria absoluta no Senado. O partido recebeu o apoio do Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, e da Escolha Cívica, de Mario Monti. Já o Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL) e o Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, anunciaram sua oposição à formação do novo governo.
 
Fonte: Terra
 

Redação

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