Equipes de mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Pará, que trabalham na operação de busca às vítimas, encontraram pela manhã mais quarto corpos enrolados em redes dentro da embarcação afundada.
Segundo as equipes de busca, é provável que mais passageiros ainda estejam desaparecidos.
O acidente aconteceu por volta de 1h da madrugada, quando o barco Iate Leão do Norte fazia o trajeto do município de Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, para Belém. A embarcação havia partido ontem de Vila do Arapixi, no município de Chaves, na mesma região.
Ao todo, 44 pessoas foram resgatadas com vida. Nove delas estão feridas. Uma criança de três anos foi transferida de helicóptero para o Hospital Metropolitana de Belém em estado grave.
A criança é filha do proprietário do barco, que estava a bordo e sobreviveu. Ele prestou depoimento à Polícia Civil, mas não teve o nome divulgado.
Por telefone, da Ilha do Marajó, o tenente Marco Scienza, que coordena as operações de busca, disse à Folha que, devido à inexistência de uma lista de passageiros e à superlotação do barco, não é possível estimar com precisão o número de pessoas ainda desaparecidas.
O barco tinha capacidade para transportar no máximo 25 passageiros.
Scienza afirmou que, neste momento, os mergulhares usam cordas amarradas em um barco para tentar puxar a embarcação, que está afundada a quatro metros de profundidade. O barco é de madeira e tem 20 metros de comprimentos.
Boa parte dos passageiros dormiam em redes no momento do acidente. O tenente disse que as equipes encontram dificuldades nas buscas porque as águas do rio Arari são barrentas e há muitas pedras e ataques de piranhas.
Com base nos depoimentos de testemunhas, o tenente disse que a provável causa do acidente foi a imperícia do piloto. "Os passageiros sobreviventes afirmam que o barco parou em cinco comunidades e pegou passageiros. A superlotação e a imperícia do piloto podem ser o indicativo para o acidente", afirmou.
O Iate Leão do Norte estava em situação irregular para navegação devido a problemas com a documentação, segundo a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental.
Em nota, a Marinha informou que abriu inquérito para investigar as causas do naufrágio, ainda desconhecidas.
A superlotação é a apontada como principal causa dos seguidos acidentes com as milhares de embarcações que cruzam os rios da Amazônia, onde servem como o principal meio de transporte.
Em julho de 1988 ocorreu um naufrágio de grande proporção na Ilha de Marajó. Pelo menos 56 pessoas morreram quando o barco Correio do Arari chocou-se com um navio.
Fonte: Folha de São Paulo