Silenciosa, a doença não apresenta sintomas na maioria dos casos, segundo o cardiologista da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Heno Ferreira Lopes, e os casos só aumentam, indica pesquisa do Ministério da Saúde: a proporção de brasileiros diagnosticados passou de 21,6% em 2006, para 23,3% em 2010.
“Hoje, no Brasil, um em cada três brasileiros em idade adulta sofre com a pressão arterial elevada”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Roberto Franco.
“A maioria dos pacientes hipertensos não sente absolutamente nada porque a doença vai se desenvolvendo aos poucos na vida da pessoa. Começa lá embaixo e vai aumentando no decorrer dos anos. O organismo vai se acostumando com a pressão e não emite alerta”, explicou Lopes. A ação discreta da hipertensão culmina no descobrimento tardio. Apenas quando a doença não é crônica, é possível perceber sintomas nos picos de pressão alta, como desconforto no peito, dores de cabeça, na nuca e visão com pontos cintilantes.
Após anos de estudo, segundo o cardiologista, a pressão ideal foi definida em 140 por 90. “Maior, é considerada hipertensão”, reforçou Lopes. Os números citados, aplicados na prática, representam a tensão nas paredes dos vasos sanguíneos gerada pelo bombeamento do sangue, que é feito pelo coração. O número maior indica a pressão provocada quando o coração se contrai para distribuir o sangue e o menor, quando ele relaxa.
A pressão alta pode começar cedo, segundo Lopes, 3% das crianças e adolescentes enfrentam o problema no mundo. No entanto, ela costuma “se instalar” entre 30 e 50 anos e tem mais risco de se desenvolver conforme a idade. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, o índice de pacientes com idade entre 18 e 24 anos é de 8% contra 50% para a faixa etária acima de 55 anos. O diagnóstico de hipertensão é maior em mulheres (25,5%), do que em homens (20,7%).
Além dos riscos de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, a pressão alta pode prejudicar a visão, disse o oftalmologista Rento Braz. Segundo ele, a doença crônica provoca alterações na micro circulação, enrijece as artérias e pode causar trombose na retina. “É um quadro agudo, o sangue não passa pela veia, ocorre hemorragia e o comprometimento da visão”, detalhou.
Fatores de risco e tratamento
O histórico genético tem alto peso sobre a incidência da hipertensão. “Se o pai e a mãe têm, a chance é de 50%. Se apenas um dos genitores possui, vai para 30%. Mas mesmo quando o caso não é com os pais, mas com avôs, existe o risco”, disse Lopes.
Maus hábitos alimentares, consumo de alimentos industrializados, obesidade, bebidas alcoólicas, uso frequente de descongestionantes nasais e abuso do sal intensificam os riscos. Pessoas com problemas renais, endocrinológicos, hipertireoidismo, hipotireoidismo, entre outras, têm mais tendência a desenvolver o problema.
A prevenção, segundo os especialistas, é evitar todos os hábitos que aumentam a incidência da doença. “A receita é não ser sedentário, consumir legumes e frutas, controlar o consumo de bebidas alcoólicas e o estresse”, enumerou o cardiologista. O tratamento inclui uma rotina mais saudável e o uso de medicamentos de acordo com o perfil do paciente.
Fonte: Jornal do Brasil