– Esta velha é pior do que o caolho – disse Mujica sobre Cristina Kirchner, durante uma entrevista coletiva na cidade de Sarandi Grande, em Florida.
Mujica não se deu conta de que a entrevista estava sendo transmitida ao vivo. Minutos depois, a comparação de Cristina com seu falecido marido, Néstor Kirchner, que era estrábico, já estava nas redes sociais. Após o alvoroço em torno da frase, o presidente esclareceu seus comentários, mas evitou reconhecer as frases polêmica e disse que não vai pedir desculpas.
– Eu não vou dar importância e nem correr o mundo explicando nada. Que inventem as besteiras que quiserem – afirmou.
A dura avaliação de Mujica sobre a presidente argentina já está sendo comparada com um episódio do ex-presidente uruguaio Jorge Batlle que acabou tendo que viajar para Buenos Aires para pedir desculpas.
“O presidente não se deu conta de que os microfones estavam abertos e a frase foi escutada na transmissão ao vivo feita via web pela página da Presidência da República”, explicou o jornal “El Observador”.
O presidente conversava com o intendente de Florida, Carlos Enciso, sobre as relações com os governos de Argentina e Brasil. No diálogo, Mujica observava que para conseguir algo com a Argentina, antes se devia conversar com o Brasil. Ele continuou sua explicação com as relações com os vários países e terminou com a frase:
– Essa velha é pior do que o torto – referindo-se a Cristina e ao falecido ex-presidente Néstor Kirchner.
Ao longo do dia foram se conhecendo mais fragmentos de suas observações sobre a presidente argentina. Mujica disse que Cristina era “teimosa”, e que seu marido e antecessor “era mais político”.
Depois, Mujica fez comentários sobre a relação de Cristina com o Papa Francisco.
– A um Papa argentino, de 77 anos, vai explicar o que é um mapa? O que é um mate? – disse o presidente uruguaio de acordo com o Canal 10, de Montevidéu.
Mujica não é o primeiro presidente uruguaio a viver uma situação incômoda com a Argentina. Em 2002, o presidente Jorge Batlle causou forte polêmica com a frase:
– Os argentinos são um bando de ladrões, do primeiro ao último.
Houve uma discussão se a frase foi parte de uma entrevista de TV ou em off. Mas a câmera continuava ligada.
Batlle se desculpou em público e em particular com o então presidente Eduardo Duhalde. No ano passado, explicou sua atitude:
– Por que fui pedir desculpas? Por uma razão muito simples. Eu não era um cidadão. Era o presidente da República. Os três milhões de uruguaios poderiam sofrer enormemente por um erro meu.
Fonte: O Globo