Está relacionado à representação neural dessas partes do corpo dentro do cérebro.
A sensação regride com o tempo, mas nunca passa completamente. Isso pode se manifestar como calor, frio ou coceira no membro amputado.
"Ele não deixa de sentir o membro, mas passa a senti-lo de outra maneira", diz Fábio Godinho, especialista em dor do Hospital Santa Marcelina.
Não há um tratamento para o fenômeno, afirma o neurocirurgião.
No caso do braço, cada parte do membro tem representações diferentes no cérebro.
Segundo Godinho, a superfície do cérebro que representa a mão é maior do que a correspondente ao braço e ao antebraço. Com isso, alguém com o membro superior amputado tende a sentir mais a mão do que as outras partes.
"O cérebro para de receber informações da mão, do braço e do antebraço, mas as estruturas de representação permanecem lá. A da mão acaba prevalecendo."
Nesse caso o resultado é a sensação de que a mão está colada ao coto de amputação.
Em alguns casos, essa sensação pode evoluir para dor por um processo de reorganização do cérebro. Há também casos de pessoas que possuíam uma dor crônica em algum membro que foi amputado. A dor persiste após a retirada e pode durar a vida toda.
Segundo Cláudio Corrêa, coordenador do centro de dor do Hospital Nove de Julho, o estímulo doloroso constante e intenso "deforma" o receptor de dor e, mesmo na ausência do estímulo, o paciente continua com a sensação. Analgésicos não funcionam. São usados antidepressivos e anticonvulsivantes e neuromodulação, com o implante de eletrodos no cérebro.
Fonte: FOLHA.COM