A descoberta aconteceu quando a família, desesperada com o sumiço do empresário, decidiu contratar uma advogada, em 2011, para auxiliar nas buscas. “Foi um choque bem grande. Ainda mais por descobrir que ele tinha falecido há quatro anos”, lamenta a filha, Lolian Nascimento. O Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia admitiu que houve falha. Agora, a família decidiu entrar na Justiça. Na manhã desta quinta-feira (7), Lolian disse ao G1 que irá ao Ministério Público de Goiás denunciar o caso.
O corpo de Valdebrandes foi encaminhado à instituição de ensino 45 dias depois da morte dele. A faculdade de Taguatinga justificou que recebeu o corpo com a devida documentação.
De acordo com a investigação da advogada, Valdebrandes passou mal na casa onde morava, em Goiânia, e foi levado ao Hospital de Urgências de Goiânia por vizinhos. O relatório médico aponta que ele teve hemorragia no intestino, passou três dias internado e morreu devido a uma parada cardiorrespiratória.
A certidão de óbito do IML não esclarece a causa da morte, mas tem o endereço da família. Conforme a legislação brasileira, a doação a faculdades pode acontecer se o cadáver não tiver qualquer informação de endereço. Nesse caso, a notícia de falecimento deve ser publicada em jornais de grande circulação. “Com o corpo identificado, é preciso uma busca ativa pela família”, afirma o especialista em medicina legal Malthus Galvão.
A gerente do IML de Goiânia, Silvânia de Fátima Barbosa, reconheceu que houve erro. “Essa falha ocorreu no momento em que não tínhamos pessoal disponível para procurar esses endereços. Também porque as informações colhidas pelo IML indicavam que ele tinha parentes em Minas Gerais e não em Goiás” completa.
Silvânia de Fátima comenta ainda que o órgão não tem condição de fazer uma certificação de todos os endereços que chegam. “Atualmente, estamos com rigor maior, com uma busca ativa desses endereços”, defende a gerente.
Agora, a filha do empresário decidiu recorrer ao Ministério Público de Goiás para oferecer denúncia contra o IML. “Preciso saber porque isso aconteceu”, ressalta Lolian Nascimento.
Caso no Paraná
No fim de fevereiro, um fato parecido aconteceu em Cascavel, no Paraná. O corpo de um homem que morreu em 2005 e que estava servindo de pesquisa no laboratório de anatomia da Universidade Estadual do Oeste, foi entregue à família. O corpo foi parar na universidade depois da autorização da Justiça, já que, na época, ninguém foi ao Instituto Médico Legal fazer o reconhecimento.
A família procurava por notícias do homem desde 1996. De acordo com o genro, os familiares só descobriram que o homem havia morrido em 2005, mas não tinham nenhuma informação de onde ele poderia estar enterrado.
FONTE: PrimeiraHora | G1