Para não ser completamente injusto, as empresas tiveram sim um gigantesco crescimento: em número de reclamações e clientes insatisfeitos.
Segundo dados do Comitê Gestor de Internet, o Brasil possui 44 milhões de internautas online via banda larga, dos quais 28 milhões acessam a rede de forma móvel e outros 16 milhões de forma fixa.
No acesso fixo, os brasileiros azedam seus bolsos com um dos maiores custos do mundo. Segundo dados do relatório “The State of the Internet” (da consultoria AKAMAI) e do “Internet World Stats Broadband Penetration” (do Internet World Stats), um megabyte por segundo de conexão chega a custar 92 vezes mais caro do que no Japão, como mostra o gráfico a seguir, que relaciona as velocidades e os preços ao redor do mundo.
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Além da baixa concorrência que favorece a ineficiência dos serviços, a lei não ajuda. As empresas são obrigadas a garantir apenas 20% da velocidade contratada, ou seja, o cidadão que contrata, por exemplo, 2MB, pode receber apenas 0,4MB – uma pechincha para os empresários do setor.
Há quem diga que viu, durante uma noite, um homem montado em um cavalo sem cabeça que afirmou que recebia 100% da velocidade contratada de sua operadora. É uma pena que o simpático senhor tenha desaparecido ao amanhecer do dia seguinte, e ninguém mais possa ter ouvido seu testemunho.
Para os que gostam do valor trabalho, o gráfico a seguir transforma o preço (em dólares), e mostra quais são as conexões mais caras do planeta.
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Para não ser diferente de qualquer outro serviço oferecido em solos tupiniquins, amargamos a segunda conexão mais cara dos países avaliados, perdendo apenas para nossos hermanos argentinos. Para se conectar à rede, o brasileiro tem que trabalhar 2,71 horas, enquanto um japonês emprega apenas 0,015 horas de trabalho para acessar a internet.
Assim como os serviços de telefonia, os brasileiros sofrem não só com uma internet ineficiente, mas com uma das mais caras entres os países pesquisados.
Os impostos também fazem seu papel para atrapalhar nossa posição no ranking. Nós pagamos um imposto de 40% sobre os serviços de banda larga, enquanto no Japão é de apenas 5%, e, na Argentina, 27%.
A expansão da malha cibernética precisa ser acompanhada pela qualidade nos serviços, sem contar um preço internacionalmente competitivo – afinal, o indesejado Custo Brasil, que em muitos casos deveria chamar de Lucro Brasil, prejudica sensivelmente o poder de compra dos brasileiros.
A eficiência no serviço ainda faz parte da lista de milagres que muitos esperam que aconteçam até a COPA do mundo. Caso não haja uma mudança, vamos continuar pagando por voos de helicóptero e recebendo passeios de Maria fumaça.
Fonte: FOLHA.COM