A recusa é informada um dia após o diretor-geral da agência, Yukiya Amano, pedir a entrada dos inspetores na usina. A agência suspeita que sejam desenvolvidas atividades ilegais de enriquecimento de urânio no local, o que alimenta as acusações de que o Irã tenha a intenção de produzir uma bomba atômica.
O porta-voz da Chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, pediu que o órgão reconheça o direito do país de enriquecer urânio e defendeu a continuidade das negociações com o grupo de potências mundiais –formado por Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China.
"O Irã quer alcançar um acordo geral no qual (os diretores da AIEA) reconheçam nossos direitos à energia nuclear pacífica e, em contrapartida, tomaremos decisões para responder a suas inquietações. O país manterá a cooperação com a AIEA dentro do marco estabelecido", disse.
Ele criticou os países ocidentais por terem encarado a última rodada de negociações, encerrada na semana passada, como um fato negativo e acusou os países de terem feito as observações contrárias à República Islâmica como forma de justificar sua política contra o país.
SUSPEITA
Na segunda (4), o diretor-geral da AIEA pediu o acesso sem demoras para que as negociações entre os iranianos e as potências possam avançar. "A concessão do acesso a Parchin seria um sinal positivo que poderia ajudar a mostrar a vontade do Irã em tentar esclarecer nossas preocupações", disse.
O chefe da agência afirmou ainda que o acesso a Parchin diminuiria a suspeitas de atividades nucleares ilegais dos iranianos e pediu que a República Islâmica alcance com urgência os acordos necessários para tirar as dúvidas sobre seu programa atômico.
"As negociações devem proceder com sentido de urgência e ter como foco alcançar resultados concretos no curto prazo", disse.
A agência negocia há um ano com Teerã. No período, os representantes de ambas as partes se reuniram três vezes, todas sem acordo sobre o acesso a Parchin. O órgão ainda mostrou denúncias de que foi feita uma limpeza na usina para retirar restos de testes nucleares, o que os iranianos negam.
Também ontem o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que as negociações têm um limite de tempo. "Não podemos ficar como filósofos que continuam falando. Precisamos falar de forma séria e honesta e deixar claro nossos compromissos".
Mais tarde, o vice-presidente americano, Joe Biden, afirmou que o presidente Barack Obama não está blefando em relação ao Irã. "Não estamos atrás de guerra. Estamos prontos para negociar pacificamente. Mas todas as opções, inclusive a força militar, estão sobre a mesa".
Fonte: FOLHA.COM | AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS