Quem passa pela Praça Popular e vê inocentes crianças brincando, pais passeando com os filhos, não imagina o que se esconde por trás dessa imagem bucólica. Na madrugada, acontecem fatos das mais variadas causas, principalmente pelo consumo de álcool e drogas. Convivem em aparente harmonia os “guardadores de carros” que em sua maioria cobram trocados dos motoristas para sustentar o vício do crack e os frequentadores dos bares da praça.
I.C.L., morador nas imediações, acha “um absurdo” uma visita ter de pagar para ir ao seu apartamento. “Se chamo alguém para vir em casa, aviso que a pessoa que terá de pagar os flanelinhas, senão eles danificam o carro. Isso não tem cabimento!”. Ele relata ainda que presencia as rondas policiais, mas basta as viaturas saírem que eles voltam a cobrar “um pedágio branco” com a finalidade de comprar drogas. “Na madrugada, quando estão mais alterados, o perigo aumenta caso não recebam dinheiro dos proprietários dos carros”. Essas ameaças aos frequentadores e moradores são confirmadas por garçons dos barzinhos e clientes da Praça Popular.
A mãe de um garotinho de 3 anos revela: “De dia aqui é uma maravilha para trazer as crianças para brincarem mas, à noite, não me arrisco a vir aqui com meu filho”. Moradora no entorno da praça, conta que já viu muitas brigas entre os flanelinhas, inclusive assaltando pessoas. “Eles usam a droga e ficam muito agressivos”, desabafa.
M.N.M., 39 anos, contadora, já presenciou o consumo de drogas na praça. “Nunca vi um policial por aqui, até já vi um assalto!”. Seu amigo J.P., 32 anos, empresário, só viu jovens fumando maconha na madrugada e muita bagunça entre os flanelinhas.
Funcionários dos estacionamentos próximos à praça confirmam o uso de drogas por parte dos “guardadores de carros”. Há 9 anos na praça, S.A. R., 29 anos, trabalha em um estacionamento e sempre encontra material usado para consumir crack como latinhas adaptadas e cachimbos. Ele sempre vê a PM fazer ronda, o que lhe dá mais segurança.
“Esta situação está ficando cada vez mais complicada. Eles coagem mesmo os clientes que acabam às vezes indo embora antes de descer para consumir, principalmente se é mulher com filhos. Nós já sentimos uma queda brusca no movimento nesses últimos dois meses. Já liguei diversas vezes na polícia e nada é feito. Outro grande problema é que eles usam drogas na frente de todo mundo aqui. É só você ficar meia hora na praça que você vê a cena. O grande problema é que brigar com eles ou pedir para que deixem o local é bobagem, porque eles quebram carros mesmo”, disse indignado o empresário Diego Teixeira.
O comerciante Julio Cesar Tomazini concorda que o número de frequentadores no local reduziu-se por conta da presença dos flanelinhas. “Esta situação já é um grande problema, principalmente no meu caso que atendo mais famílias. As pessoas acabam ficando com medo e não vêm. Todas as noites quando eu vou fechar eu preciso esconder TV, frigobar ou qualquer coisa que chame a atenção, porque se não eles roubam tudo. Eu tenho outra sorveteria na Avenida do CPA que já foi assaltada duas vezes desde janeiro e lá também há uma grande concentração de flanelinhas. Não sei mais o que podemos fazer, porque já liguei para a polícia, para a prefeitura, mas nada é resolvido”.
Por: Rita Aníbal
Fotos: Pedro Alves