Do tamanho de uma mala grande e batizado de NEOSSat (Satélite de Vigilância de Objetos Próximos à Terra, na sigla em inglês), o aparelho foi desenvolvido pela Agência Espacial do Canadá e custou cerca de R$ 50 milhões.
O satélite circulará a Terra cada cem minutos e será posicionado a 800 km do planeta. Por sua localização, ele conseguirá vasculhar uma área bem próxima ao Sol, até cerca de 45º. Essa região é de difícil observação pelos telescópios terrestres, que atualmente fazem o grosso do monitoramento.
Uma outra vantagem é que, diferentemente dos em solo, o espacial vai operar o dia inteiro. Os de solo só funcionam durante a noite.
Além dos bólidos, o satélite canadense também vai prestar atenção ao lixo espacial –como resto de satélites e foguetes. O objetivo é evitar que eles colidam com algum satélite operacional.
O dispositivo tirará centenas de imagens por dia, que serão enviadas para pesquisadores no Canadá. São eles que vão determinar se o asteroide é novo ou já catalogado, além de sua trajetória e o potencial risco de colisão.
Os criadores do satélite deixam claro, no entanto, que o objetivo não é apenas encontrar bólidos que possam ser perigosos. Eles querem entender melhor do que são feitos e como se comportam asteroides que ficam inteiramente, ou durante boa parte do tempo, na órbita da Terra.
Isso poderia contribuir para futuras pesquisas científicas ou para a mineração.
O dispositivo conseguirá identificar asteroides entre 50 milhões e 100 milhões de quilômetros de distância.
O telescópio foi elaborado para achar grandes objetos, com mais de algumas centenas de diâmetro. Asteroides pequenos, como o de 17 metros que explodiu sobre a Rússia há pouco mais de uma semana, não serão detectados pelo aparelho.
ATENÇÃO AOS PEQUENOS
Na opinião de Scott Hubbard, professor da universidade Stanford e um dos diretores da Fundação B612, ONG que reúne cientistas e astronautas e alerta para o perigo da colisão de asteroides, o grande problema hoje são os pequenos objetos.
"A Nasa está fazendo um bom trabalho de monitoramento e localização dos grandes asteroides. O que falta mesmo é prestar atenção aos pequenos corpos", disse Hubbard à Folha.
Sua fundação pretende construir e lançar um satélite bem maior que o canadense, batizado de Sentinela, para identificar também esses objetos menores.
Segundo o cientista, o ideal é localizar os asteroides com muito tempo de antecedência, para que haja tempo para decidir o que fazer.
Umas das possibilidades deverá ser testada em 2022 por americanos e europeus para desviar o asteroide Didymos. Trata-se de um sistema binário com um objeto menor que orbita o maior. O objetivo dos cientistas é lançar o menor sobre o maior, alterando o sistema e desviando sua trajetória.
Fonte: FOLHA.COM