Opinião

Estou na dele

Estou me rendendo com alegria ao deslizar da tinta, o ritmo do desenho das palavras, o prazer de quem se entrega a escrevinhar no papel.
O caderninho é o momento em que o pensar só é mais rápido que a ideia que brota os décimos de segundos necessários para descarregar, linha afora tão soltamente a ponto de não haver dúvida(s) sobre a grafia correta, as palavras feiticeiras. Elas, que surgem saltitantes e se deitam preguiçosas, libertas e cheias de disposição, até aquela destinada a ser a flecha certeira que atinge o alvo do ponto final da frase.

Pode parecer delírio –  e talvez seja – provocado por fortíssimos sintomas de felicidade intrínseca, dos que só podem ser provocados por uma sensação efêmera e quase única. – como tudo que é bom.
Falo do meu mar é azul, verde esmeralda cristalino e da minha praia é a mais limpa do Rio. Não é pouco.

Tenho observado esses tempos estranhos. E agora, sinto começou o verão no Rio. Temperaturas altíssimas, enquanto que no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Uruguaiana, onde o verão costuma ser escaldante, o clima da estação anda ameno.

Aqui, o calor começou nos últimos dias de carnaval deixando para trás um janeiro ranheta que não fez jus a nossa fama de paraíso na terra. Parecia praga! Tanta gente de fora querendo ver o que faz do Rio um lugar abençoado por Deus e, no céu só nuvens passando, em sentido único, sempre de lá para cá, o caminho do mau tempo. E mais… a água do mar estava horrorosa. Foi isso que os visitantes viram. Meio caldo de cana em alguns dias.

Mas isso foi antes. Bastou passar a temporada pra que o cara lá de cima, vendo o paraíso mais vazio, mais disponível, resolvesse aproveitar uns dias especiais na sua maravilhosa cidade. E caprichou no ambiente!
Subiu a temperatura da terra, pra que queiramos o mar. Para torna-lo irresistível, deixou tépida a sensação na pele até na hora do mergulho, aquele, na corrida, sem testar antes com a pontinha do pé o que te espera. Também como resistir ao apelo daquela cor que era, sim, do mar, e apenas dele, celestialmente, por assim dizer?

Filtrou a água a ponto de fazê-la brilhar como esmeralda translúcida e transparente, capaz levar qualquer um a viajar nas suas profundezas até alcançar, lá no fundo o relevo da areia.

Deu uma soprada no vento e amenizou, com uma ajuda substancial da maré, as ondas e movimentos. Ondas sim, mas no tamanho certo para não turvar demais o que os olhos podiam notar, sem sei lá não sei não.
Para não dizer que não obteve ajuda humana, soprou os ouvidos dos garis do bairro um pedido de ajuda para que dessem uma geral na areia e… pronto!

É o paraíso da Ponta do Leme. Em pleno meio da semana que é para garantir o testemunho. Há muito aprendi a não esperar para usufruir amanhã o que me é oferecido hoje. E vocês sabem mesmo ele, o senhor, um dia precisa descansar, relaxar e aproveitar o lado bom da vida que arduamente tenta nos dar.

Por que sei, ele está aqui agora em minha companhia, usufruindo o sucesso do melhor de sua concepção. Aqui representado por esta vivente feliz, na Ponta do Leme.

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”,  do SEM FIM… delcueto.cia@gmail.com

Texto e foto de Valéria del Cueto

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