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Cientistas criam orelha impressa em 3D

Primeiro, a equipe digitalizou a imagem 3D da orelha de uma criança de cinco anos. Essa imagem serviu de base para a impressão de um molde em três dimensões.

Os pesquisadores desenvolveram um colágeno de alta densidade dotado de uma consistência gelatinosa que foi injetado no molde.

Depois, adicionaram células cartilaginosas de orelhas de vacas. O colágeno impresso em 3D serviu como uma estrutura sobre a qual a cartilagem se desenvolveu.

O processo é rápido. "Demora metade de um dia para desenhar o molde, um dia para imprimi-lo e 30 minutos para injetar o gel. Podemos remover a orelha [do molde] 15 minutos depois", disse Lawrence Bonassar, um dos autores do trabalho.

A orelha é, então, deixada por dias numa cultura de células cartilaginosas antes de ser implantada no dorso de ratos para avaliar a durabilidade e a estabilidade da estrutura por três meses.

BIOLÓGICA

A diferença desse experimento para outros que implantaram orelhas em ratos é que, antes, a estrutura tinha algum componente sintético para manter suas dimensões.

Ed. de arte/FolhapressAgora, os cientistas conseguiram gerar uma estrutura com formato idêntico ao da orelha usada como referência e que poderá receber material celular do paciente.

Para os autores do estudo, foi demonstrada a formação de uma cartilagem de orelha estável a longo prazo com propriedades comparáveis às da orelha nativa.

A nova técnica pode beneficiar pessoas que sofrem de microtia, uma deformidade congênita na qual a orelha não se desenvolve, e aquelas que a perderam por um acidente ou doença.

Segundo Carlos Komatsu, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, as técnicas atuais de reconstrução de orelha são baseadas na retirada da cartilagem da própria pessoa.

O material é retirado principalmente da costela e, por isso, a técnica é preferencialmente aplicada em crianças, já que nelas essa cartilagem é bastante maleável.

A cartilagem é então esculpida e implantada. As limitações do procedimento, diz o cirurgião, são a consistência mais dura e a maior espessura da cartilagem retirada das costelas, o que gera um resultado esteticamente insatisfatório.

Segundo Komatsu, a nova técnica consegue contornar essas dificuldades.

Os pesquisadores advertem que a impressão 3D ainda precisa de ajustes antes do uso em humanos.

O grupo pretende iniciar em breve testes com células cartilaginosas humanas, que são muito mais difíceis de cultivar que as células bovinas.

Os cientistas também trabalham para reconstruir outras estruturas cartilaginosas com a impressora, como nariz e traqueia.

"A técnica é bastante promissora, mas é algo que só será viável a longo prazo", afirmou Komatsu.

Fonte: FOLHA.COM

Redação

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