Enquanto o governo entrega uma frota de veículos superfaturados à Empaer, o órgão segue sem as mínimas condições de trabalho para os servidores, nem consegue garantir assistência técnica de qualidade às milhares de pessoas que ainda tentam sobreviver da agricultura familiar em Mato Grosso. O descaso começa na atual sede da Empaer. Estufas tomadas pelo mato, laboratórios enferrujados, veículos sem manutenção e sem combustível, inexistência de verba de auxílio, falta de insumos e profissionais completam o cenário tenebroso da empresa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Assistência e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso (Sinterp), Gilmar Brunetto, o Governo do Estado só tem olhos para o agronegócio e ignora os agricultores familiares.
“Não dá para entender esta inversão de valores praticada pelo Governo do Estado: o governo federal, através do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), está liberando milhões e milhões de reais para a agricultura familiar, mas aqui nossos gestores ignoram a liberação destes recursos e perdem imensos investimentos na área”, declarou Gilmar ainda denunciando o descumprimento da Lei Complementar 461/2011 que, além de transformar a Empaer de empresa S/A em empresa pública, prevê a contratação de 250 novos técnicos em extensão em regime de urgência.
Ainda segundo o sindicalista, a Empaer já perdeu o centro de desenvolvimento e pesquisa lotado em Várzea Grande, que além de auxiliar na melhoria da tecnologia de plantação também realizava cursos de capacitação dos pequenos agricultores. Ficou sem sede própria, que foi transferida para a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
“Já tem quase cinco anos que a nova sede da Empaer começou a ser construída, mas a obra continua estagnada. Agora o risco é perder os quase cinco milhões disponibilizados pelo governo federal para a obra por falta de cumprimento da contrapartida do Estado, que é apenas de 700 mil. Não sei aonde vão parar estes absurdos e até onde vai a falta de interesse do governo no auxílio destes trabalhadores tão necessitados”, desabafou Brunetto alertando que se nada for feito para alterar as péssimas condições da extensão rural a agricultura familiar pode morrer em Mato Grosso.
Mayla Miranda – Da Redação
Fotos: Pedro Alves