Sozinhos ou em família, hippies chegam de longe ou de perto para passar a temporada no litoral.
O termo, que tem origem no movimento liberal e contestador iniciado nos anos 1960, hoje praticamente se aplica a nômades de cabelos compridos e roupas largas que se sustentam, em geral, vendendo artesanato.
Em Caraguatatuba, no litoral norte de SP, praças da cidade reúnem dezenas deles durante o dia. À noite, a maioria não tem onde ficar e precisa encontrar abrigo. Como a região não tem albergues, a alternativa é dormir num quiosque de praia ou debaixo do toldo de uma loja.
Na bagagem, carregam poucas roupas, o material de produção das peças de artesanato e o mostruário feito de tubos de PVC e tecido. É onde expõem colares, brincos e pulseiras que tentam vender aos turistas.
O nordestino Paulo de Lima Silva, 38, hippie há 20 anos, estava em Jundiaí antes de descer a serra.
Ele diz que leva em conta a maior circulação de pessoas no momento de escolher o destino para o verão. Assim, afirma, terá mais chances de vender as peças que produz.
"Quando chegamos numa cidade, a gente costuma ficar em grupo, pois tudo mundo se ajuda. Aqui mesmo tem dezenas sem ter onde ficar, com família, crianças. Então procuramos um abrigo para passar a noite e cada dia ficamos num lugar diferente", diz.
Wagner de Godoi, 32, chegou à cidade com a esposa Manuela e o filho Emanuel, 1. Ele, que toca violão, conta que seus pais já eram hippies e que sempre viveu assim, vendendo artesanato e fazendo apresentações musicais.
Godoi diz que tem uma "base" em Mogi das Cruzes, mas que passa temporadas com a família em diferentes cidades, de acordo com a época do ano, para ir ao encontro de mais movimento.
Fonte: FOLHA.COM