Opinião

Quem não pode com mandinga não carrega patuá.

A Mangueira é  expert em amor, raça, paixão e superação. Desfile de carnaval, tradição e samba. Cuiabá precisa de divulgação no exterior para atrair turistas na Copa do Mundo disputando espaço com as outras sedes brasileiras de 2014.

Não existe vitrine com um custo benefício mais vantajoso do que a focalizada, nos 700 metros de pista do Sambódromo Darci Ribeiro, pelas centenas de câmeras espalhadas pelo caminho que o trem verde e rosa cruzará na noite de segunda feira. Elas massificam durante os 80 minutos de desfile imagens, conceitos, tendências, um lugar. No caso, Cuiabá. R$3.600 milhões é um custo baixo investir numa campanha publicitária internacional. Imaginem estar no DVD com o compacto do desfile Grupo Especial das Escolas de Samba cariocas distribuído por todo o planeta. É entrar para a posteridade da maior festa popular do planeta.

Até por que, é com tristeza que informo: se pouquíssima gente, quase ninguém, sabe que existe um paraíso  chamado Pantanal – pergunta que faço em todos os lugares onde vou, em vários continentes-, o que dizer de Cuiabá, um de seus portais de entrada?

O viés do enredo definido, segundo o contrato em conjunto entre as partes, foi meramente turístico.  E, peneirado demais, virou um clichezão. Mas a grita funcionou e a sinopse foi substituída. Agora é texto de Cid Carvalho, o carnavalesco.

Discordou do enredo, não gostou do samba? Paciência. Deixa a Mangueira passar. Quanto mais marola, mais feio fica. Pra cidade, é claro. Por que para a Mangueira é apenas mais um entre dezenas de carnavais que ela já apresentou. Queria ver alguém ir lá e fazer melhor.

E, justiça seja feita, durante todo o tempo entre o namoro, o noivado e a troca de alianças, daria para ter tomado providências, como aconteceu no caso da sinopse.

Detonar a Mangueira na véspera do carnaval é, no mínimo, irresponsável, desrespeitoso e, me perdoem, uma grande estupidez. É burrice dar tiro no próprio pé. Desvalorizar seu próprio produto! Enfim, bancar o “bobó tcheira tcheira”, abusando do cuiabanês.

Agora passam recibo do mau uso do dinheiro público. Reclamam, e o estopim não foi a ausência dos cursos de capacitação para sambistas, ou a quantidade dos eventos – tratava-se de uma carta de intenções, lembrem-se. Mas, sim, da falta de 100 vagas prometidas na Sapucaí. O que configura que nosso dindin seria para bancar as mordomias de poucos! Assim, na lata. E, enquanto metem o malho, os membros da comissão, responsáveis pela perna cuiabana do projeto, ficam caladinhos. Aqueles que mostraram sua ginga ao lado dos componentes da verde e rosa no lançamento do projeto no Cine Theatro Cuiabá. Os que presenciei, nas minhas andanças fotográficas na agremiação, acenando empolgados e cheios de moral para a plateia do camarote cuiabano, nos ensaios no Palácio do Samba. Ninguém me contou, eu vi!

Por isso, peço encarecidamente. Deixem a Mangueira passar. Torçam por ela e, se puderem, cantem com ela. Por que outra oportunidade como essa para, diante do mundo, bater no peito cheio de orgulho por ser cuiabano, não vai aparecer tão cedo. Que o Senhor Bom Jesus de Cuiabá, São Benedito e São Sebastião abençoem esta jornada.

Texto e foto de Valéria del Cueto

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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