Cidades

Servidores literalmente adoecendo

Dados do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed) revelam que cerca de 20% dos médicos em atuação hoje na capital sofrem de alguma doença relacionada às más condições de trabalho. Segundo a presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso (CRM-MT), Dalva Alves das Neves, uma das mais comuns é o envelhecimento precoce dos médicos e a alta nos índices de doenças apresentados pelos profissionais.

“Apesar de ainda iniciais, os resultados dos estudos são alarmantes. Crescem compulsoriamente os casos de alteração repentina do humor decorrente do estresse, problemas cardíacos, pressão alta, diabetes e infelizmente casos de profissionais envolvidos com álcool e drogas. Os estudos revelam também que muitos desses envolvimentos com drogas são resultantes da alta carga horária enfrentada pelo profissional que acaba utilizando estes recursos”, lamenta Dalva Neves. Os problemas dos médicos que atuam no serviço público ainda incluem a questão salarial, de acordo com a presidente do Sindimed, Elza Queiroz.

E a falta de condições de trabalho não ocorre só em Cuiabá. “Nós vemos com frequência médicos abandonarem as cidades do interior, onde conseguem uma remuneração mensal de cerca de R$20.000,00, por não terem condições de atender os pacientes com o mínimo necessário”, relata o médico Werley Peres, diretor do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed). Peres conta ainda que o profissional acaba aceitando a proposta de trabalho por conta do salário, mas quando se vê sem condições de atuar dignamente não consegue permanecer na cidade.

“Já existem vários estudos que comprovam a teoria de que um profissional com uma remuneração baixa ou média, mas com plena condição de desenvolver um bom trabalho, é mais feliz do que um profissional que ganha muito, mas não consegue desenvolver um trabalho adequado”, pontuou o médico lembrando que não é raro encontrar hospitais sem medicamentos, leitos, materiais básicos para a coleta de exames e lotação nos prontos atendimentos.

Enfermeiros ainda mais massacrados

Ainda na área da saúde, os enfermeiros estão entre os profissionais que se declaram com mais problemas em exercer a sua tão sonhada profissão, acarretando-lhes um estresse ainda maior, principalmente por conta das dificuldades de se inserir e se manter no mercado de trabalho de uma maneira estável.
Enfermeiros fazem tripla jornada de trabalho - Foto: Pedro Alves
Segundo Benedito Campos, enfermeiro há mais de 30 anos, o profissional da área que não está concursado sofre um massacre, tanto relacionado ao salário quanto à falta de respeito para com a classe, já que atua com contratos sem benefícios ou garantias. “Um enfermeiro contratado ganha pouco mais que um salário mínimo por 8 horas; quando já está com um pouco mais de experiência, consegue chegar ao patamar de R$900,00, o que com certeza os leva para plantões desumanos. Já o profissional concursado tem um salário inicial de R$1.200,00 por 8 horas, um enfermeiro plantonista ganha de R$900,00 a R$1600,00 por 40 horas, após concurso”.

Ele revela ainda que cerca de 10% dos profissionais concursados da enfermagem em Cuiabá estão doentes, com depressão, diabetes, problemas no coração. “Muitos desses profissionais trabalham em três empregos e não se dedicam o mínimo necessário para o descanso”, alertou reclamando condições dignas de trabalho, incluindo materiais básicos, como luvas, aparelhos de pressão, gaze, algodão, entre outros.

Confira matéria na íntegra.

Mayla Miranda – Da Redação

Fotos: Pedro Alves
 

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