Richard Buckley, da Universidade de Leicester, contou à Folha que não via muitas chances de sucesso quando os trabalhos começaram, em agosto do ano passado.
Ele conversou com a reportagem na última sexta-feira, três dias antes de a universidade anunciar o resultado positivo dos testes de DNA.
Folha – O que a descoberta de Ricardo 3º significará para a arqueologia?
Richard Buckley – Se os testes derem positivo, será a primeira vez em que os restos mortais de um rei são identificados por exames científicos. É algo histórico.
O sr. estava confiante quando começaram as escavações, em agosto de 2012?
Não. Na verdade, eu não esperava encontrar nada. O local onde ele teria sido enterrado, onde existia o antigo mosteiro de Grey Friars, foi completamente descaracterizado, tinha virado um estacionamento há muitos anos.
Além disso, se passaram mais de 500 anos desde a morte dele. Foi uma grande surpresa encontrar um esqueleto com sinais de que poderia pertencer a Ricardo 3º.
Os jornais britânicos relataram uma disputa entre sociedades dedicadas à memória de Ricardo 3º para definir onde o esqueleto será enterrado novamente. Isso já está decidido?
No Reino Unido, para exumar um corpo, você precisa de uma autorização do Ministério da Justiça que já indica onde ele deverá ser enterrado de novo.
Quando nosso pedido foi aceito, o governo afirmou que os ossos deveriam ser enterrados na catedral de Leicester. Esta é a situação no momento.
O anúncio do teste de DNA encerra o projeto?
É o momento mais importante. Parte do estacionamento será reaberta para os carros, e ainda devemos saber mais detalhes de como era o mosteiro de Grey Friers, onde o esqueleto foi encontrado.
Agora caberá aos historiadores dizer se ele foi um tirano terrível ou um grande rei. Como arqueólogos, infelizmente não podemos responder a essa questão
Fonte: FOLHA.COM