Ficamos revoltados com a exibição dos atos desumanos praticados contra os fragilizados pacientes que procuram a proteção do Estado, que tem o dever constitucional de fornecer.
O sonho dessa gente sofredora é o de conseguir um plano de saúde, pensando, na doce ilusão, de receber um tratamento, pelo menos, mais humanizado.
Ilusão ou inocência pensar que o que se passa no SUS é privilégio do desprezo do governo para com o ser humano.
Tenho observado que há anos o atendimento médico pelo plano de saúde em pouco difere ao do SUS.
Talvez a parte imobiliária do atendimento privado seja um pouco melhor.
Com relação à recepção do paciente na unidade de atendimento, é simplesmente sofrível, humilhante e devastadora sob o ponto de vista humano.
Gente despreparada, selecionada pelos baixos salários ofertados e sem educação caseira, transforma a chegada do paciente aos locais de socorro médico em centros de tortura mental, agravando e produzindo novas patologias.
Quando a passividade de uma sociedade chega ao ponto de negar solidariedade aos necessitados, é que perdemos totalmente a nossa capacidade de amar ao próximo como a nós mesmos.
Somos uma sociedade “monstra”, construída por seres antissociais, aptos a cometerem todo o tipo de crimes contra o próximo.
Dizem que a violência gera violência.
Ficamos consternados quando um trabalhador, pai de família e com representatividade social é vítima de uma violência fatal, mas esquecemos da violência que cometemos diariamente, especialmente contra os pobres, crianças abandonadas, doentes e idosos fragilizados.
O ser humano está em processo de deterioração, não respeitando, nem mesmo importando-se, com o sofrimento alheio.
Cada vez estamos mais egoístas, individualistas, antissolidários.
O plano de saúde é uma falácia, armadilha para saquear os incautos com o beneplácito e colaboração de grande parte dos profissionais da saúde.
A desumanização do atendimento médico, cujo início está na recepção do paciente na unidade de saúde, foi a última barreira derrubada para a adequação do ser humano descartável.
Gabriel Novis Neves